2 Filhos de Francisco - A História de Zezé di Camargo & Luciano
"Não é uma epopeia, seria muito formal para um longa brasileiro, dá mais para uma história de vida, daquelas sofridas, que todo brasileiro teve e gosta de rever".
2 Filhos de Francisco - A História de Zezé di Camargo & Luciano é um filme brasileiro, e é muito bom. Ele não pode ser totalmente generalizado como uma boa biografia, mas também como um excelente drama (nós brasileiros somos bons em dramas, num sei por que). É uma mistura bem-elaborada de bom roteiro e bons atores. Todos já conhecidos antes pelo povo brasileiro (mas não sabidos do Dom verdadeiro de todos eles). O roteiro não é escrito mais sim levado pelas ótimas atuações do elenco. São tão naturais, serenas, meigas e bem brasileiras. Ainda com novatismo, Breno Silveira dirige com mistura de gêneros: comédia (nas cenas alegres, são pouquíssimas, mais dão leveza ao enredo), drama (são muitas cenas, na maioria muito pesadas, com força em fala e face), romance (o romance dificil, sofrido, á moda italiana), nenhuma ação nenhum terror, é só mesmo cinema brasileiro. Mais é bom falar do que é bom, é merecido, o filme 2 Filhos de Francisco - A História de Zezé di Camargo & Luciano tem merecimento de seu sucesso.
O filme é rodado em cenas prontas, filmadas e ensaiadas (estilo novelesco), para não errar. Há poucas improvisações, por parte de Ângelo Antônio (no papel de Francisco José de Camargo) todas as improvisações são ótimas, bem feitas e muito bem dialogadas. Por parte de Dira Paes (papel de Helena Siqueira de Camargo), a princesinha do cinema brasileiro, ela é resumida em fantástica. Há cada cena o impacto de uma vida sofrida e vencida é passada para o expectador. O diálogo é bem desenvolvido, prontinho na fala dos mais novos Dablio Moreira (Mirosmar jovem) e Marcos Henrique (Emival - este perde uma importância significativa depois de sua morte fatal). Os dois (Dablio e Marcos) dão um show que muitos atores adultos tremeriam antes das filmagens. Eles cantam (na cena mesmo) divinamente, quase o mesmo timbre de voz dos legítimos cantores aqui encenados. O resto do filme, deixa-se rolar.
A passagem de Mirosmar (Zezé) jovem para adulto é de um gosto sublime. É diferente vermos bons usos de câmera e continuação num filme brasileiro, e quando se vê, nossa, que surpresa. Apartir daí, depois de todo um drama pesado (a cena em que Helena recebe seu filho Emival em um caixão é um esforço mental terrível), o filme segui a trilha da batalha. A essência do brasileiro entra em cena, 'brasileiro desiste nunca'. E vai seguindo. Anos a anos Mirosmar (agora Zezé) compõe, mais ainda não acerta na medida. Quando acerta na música perfeita, o sucesso é iminente.
A fotografia é perfeita. É alongada, permite o expectador olhar de soslaio aberturas ou imperfeições na imagem ou nos personagens (esse uso de fotografia é usada do meio do filme para o final; no começo a imagem era cortada em certas cenas, para provocar desformidade e dificuldade de visualisação, provocar transtorno nos expectadores). Sendo uma produção tão esforçada, Breno abusa do drama do filme e escurece as cenas gradativamente (o sucesso vem) e depois clarea provocando luxúria e louvor. Contraí as extremidades da imagem e concede descanso ao expectador. Manera também na maquiagem. Montagem? Que montagem. Como disse, puro naturalismo. Esse segmento deixa o longa, como se percebe, atroz, mais belo.
Terminando, finalizo descrevendo o cinema brasileiro em base com outros e este sucesso. É evidente que os brasileiros adoram o gosto dramático, levado para a comédia romântica. Aqui neste filme temos tudo que agrada-os. Como em Central do Brasil e em Cidade de Deus, a graça e a magia se concretiza em rabiscos e imperfeições que por terminam á deixá-lo atraente e do jeitinho bem brasileiro. É gozado que até no cinema o brasileiro tem seu jeito, meio que acanhado. Mais é bem especial como o brasileiro segue um gosto tão odiado por todo o resto do mundo: o bandidismo comediante.
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