Mais um exemplo de filme em que as polêmicas tornam-se mais conhecidas do que a obra em si, Último Tango em Paris, lançado em 1972 foi considerado revolucionário para a sétima arte. Mesmo com a liberdade sexual e moral que os anos trouxeram para o mundo real e da ficção, ainda hoje a lente ousada de Bertolucci causa arrepios e inquietação em quem o assiste. O filme logo de inicio já é anunciado como o mais erótico de todos os tempos pra quem pesquisar sobre a obra antes de assistir. A profundidade da história e das relações homem/mulher que são discutidas podem ficar escondidas pra quem não consegue se aprofundar na história e se identificar com os personagens.
O roteiro assinado por Bertolucci constrói lentamente o Universo de Paul e Jeanne. Jeanne possui uma relação superficial com o namorado cineasta, e Paul, um americano de 45 anos, acaba de ficar viúvo depois de um conturbado casamento com uma esposa infiel. É quando eles se encontram e criam o mundo atormentado e sensual do filme dentro de um apartamento vazio onde eles não possuem nomes, idade ou nacionalidade, onde não é possível distinguir nem mesmo a verdade da mentira ou o certo do errado. A fotografia e o figurino fazem papéis impecáveis na construção desse universo, e são essenciais na quebra do mesmo quando eles finalmente deixam o apartamento e se afastam da fantasia que criaram. A dependência mútua dos personagens e as variações da história jogam com o espectador conduzindo-o com humor e angústia até o final.
Brilhantemente interpretados por Marlon Brando e Maria Schneider, os personagens alcançam pontos altos em seus diálogos com o belo trabalho dos atores que se revelam cada vez mais entrosados no decorrer da história.
Um filme ousado para sua época e até mesmo para os dias de hoje. Uma obra grandiosa que trata com intimidade e coragem de assuntos inquietantes para o ser humano desde o inicio dos tempos e realizada pelo único gênio que poderia colocar isso na tela, Bernardo Bertolucci.
Realmente ousado Leticia, e lembrando a clássica cena de Brando ao lado de sua amante falecida, expressando varias emoções por aquela mulher que junto com ele construiu aquele mundo a parte dos dois naquele apartamento.