Ou eu não conseguir adentrar na proposta do filme ou “A culpa é das estrelas” é, de fato, um filme mediano, que oscila entre uma adaptação para fãs do romance de Green ao mesmo tempo em que precisa atingir o público não leitor deste romance. Me encontro nesta segunda categoria: não li o livro, mas fui ver o filme.
Fiquei com a sensação de que “A culpa é das estrelas” permanece o tempo todo em “banho-maria”. Não que permanecer nesse estado seja ruim, mas a tentativa de equilibrar doses de humor e dor para conduzir o argumento do filme não me pareceu muito efetiva. Mas, por outro lado, é preciso destacar bons momentos do filme.
Em primeiro lugar, achei a escolha dos atores para encenarem o casal do filme bastante acertada. Hazel, vivida por Shailene Woodley, consegue dar um tom de leveza diante da pesada realidade que vive. Ela tem um sorriso franco, alguns trejeitos no semblante bastante acertados. Não muito distante disso existe Agustus, o Gus, interpretado por Alsel Elgort cuja atuação também é interessante além de conseguir acertar bem no tom de “inocência” do adolescente Gus. Nesse aspecto, o casal se mostra eficiente, tem uma boa química e consegue seguir bem durante a produção.
Outro ponto interessante no filme é o fato de a doença dos protagonistas não suplantar toda a produção. Ou seja, o câncer não é usado como estratégia para levar o espectador às lágrimas, compadecendo-se do pobre casal que, fatalmente (a hamartia que cita Hazel em um de seus diálogos com Gus) será separado pela doença. Ao contrário, a doença é posta em segundo plano para surgir, em primeiro plano, a história de encontro entre Gus e Hazel que são vítimas do mesmo mal. Prova disso é a aparência das personagens: Nem Hazel, nem Gus e mesmo Isaac aparecem em cena de modo cadavérico, com o olhar triste o tempo todo.
Por outro lado, e agora menciono os pontos negativos, volto a mencionar o caráter “banho-maria” do filme que não alcança um ápice e tampouco causa grandes surpresas. Nem o fato de Gus (desculpe-me pelo spoiler) morrer se torna surpreendente, o que seria uma boa e produtiva sacada do filme caso tivesse sido melhor trabalhada e não revelada antes da hora.
Além disso, a participação de Willem Dafoe, que dá vida ao frustrado Peter Van Houten, autor do livro lido incansavelmente por Hazel, é gratuita! Tudo bem que o lance de que existem infinitos maiores do que outros é bonito, bastante reflexiva a metáfora que, no entanto, não se casa bem com o enredo do filme que embora não seja raso, também não chega a ser profundo e muito menos arrebatador.
Outro aspecto que me incomoda muito são os pais de Hazel que fazem a linha tudo está bem, tudo está OK! Sem contar a cena de visita ao museu Anne Frank em que Hazel precisa reunir todas as suas forças para subir as escadas de cada andar, carregando seu balão de oxigênio.
Francamente, existem (é óbvio) produções bem melhores do que “A culpa é das estrelas” ao tematizar o câncer, mais que isso, tematizar a vida. Não há dúvidas também quanto ao sucesso de bilheteria alcançado e ainda por alcançar pelo filme. Talvez se não ficasse tão em “banho-maria”, o filme fosse melhor, ao menos mais tocante.
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