TOM: What happened? Why didn’t they work out?
SUMMER: What always happens. Life.
Honesto. Em uma palavra, seria como eu qualificaria (500) Days of Summer. Com um enredo bastante conhecido, direção e roteiristas conseguem imprimir a esse romance dramático e cômico um tom que se afasta de filmes que se enveredam pela mesma linha temática proposta pelo filme: um casal que, após muitas intempéries, têm um happy ending. Não que o final seja triste. Repiso: o filme é honesto, aberto, quotidiano e não tenta responder a questões irrespondíveis relativamente a condição/existência humana: estamos completamente perdidos, jogados e à mercê dos caprichos da vida. E é justamente isso que Summer (interpretada por Zooey Deschanel) insinua em um dos bons diálogos entre ela e seu (amigo? namorado? caso?). Desses diálogos, o que coloquei acima, é bastante representativo da proposta central do filme: mostrar que a vida é movida por coincidências. Simples assim! As coisas acontecem e não existe (na perspectiva do filme) uma lei superior que rege tudo com mão de ferro tiranicamente.
O enredo do filme gira em torno de Tom e Summer: ele trabalha em uma empresa que produz cartões com frases para diversas ocasiões. Lá ele conhece a recém- contratada, bela e encantadora Summer. A partir de então, eles começam a se aproximar e iniciam uma relação. Não sei como nomear a relação que eles passam a viver. Para Tom, ele é namorado de Summer que, no entanto, disse ou assumiu essa condição.
Interessante na construção do filme é a ideia dos 500 dias que vão se alternando ao longo da produção, mostrando os momentos que os protagonistas passam juntos. A passagem dos dias não é linear: ora assistimos cenas referentes ao dia 2 e na cena seguinte estamos diante do dia 300, por exemplo. Isso, de certa maneira, confere mais dinamismo ao filme e o deixa mais empolgante.
Summer se mostra inconformável a um modelo de relacionamento a que estamos, socialmente, acostumados eu diria. Não existem as pieguices de filmes que tratam da relação amorosa entre duas pessoas: não existe o felizes para sempre, nem o para sempre nem muito menos declarações excessivamente melosas. Não existe utopia. Existe, sim, como nos diz o narrador na abertura do filme: Esta não é uma história de amor, mas sim a história de um garoto que encontra uma garota. E desse encontro, algumas possibilidades descortinam-se diante dos olhos do espectador: a simplicidade do quotidiano, o prazer do agora, de fazer o que se quer com quem, no agora, nos sentimos bem e confortáveis. Summer nos mostra uma outra perspectiva em relação a relacionamentos. Aliás, a proposta fílmica de (500) Days of Summer trabalha toda em torno de desmanchar o amor romântico: aquele amor em que idealizamos o outro, mas não o enxergamos como de fato é. É um filme que rasga, rompe com a ideia de fusão entre dois amantes que estão megamente apaixonados um pelo outro. E mais do que isso, a meu ver, é um filme, torno a dizer, honesto, porque simplesmente mostra possibilidades e não tenta querer dar respostas a questões para as quais não existe resposta. Existem, no máximo, possibilidades aventadas. Enfim, (500) Days of Summer, surpreende e por isso mesmo vale a pena assistir.
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