O filme do detetive mais conhecido do mundo é divertido, tem boas atuações e reprodução de época fantástica, mas peca em ser apenas mais um filme do gênero, com uma direção precária e medíocre de Guy Ritchie.
Este talvez seja um dos filmes mais aguardados do ano, mesmo estreiando em janeiro. A legião de fãs que esperavam ansiosamente pela transposição do personagem Sherlock Holmes dos livros de Arthur Conan Doyle foram em peso aos cinemas ver a estreia do filme, e o longa arrecadou quase 25 milhões de dólares em pleno dia de Natal, estabelecendo um novo recorde. Mas, se esses fãs esperavam um filme fiel à obra de Conan Doyle, eles têm muito ao que reclamar.
Sherlock Holmes é extremamente diferente do detetive que boa parte das pessoas já leu nos livros. Aqui interpretado por Robert Downey Jr., ator conhecido por fazer papeis com uma carga interessante de humor e carisma, Holmes possui a mesma perspicácia daquele criado pelo autor inglês, mas com personalidade deveras cômica.
Claro que, de acordo com o que foi prosposto, Downey Jr. entrega uma excelente atuação, afirmando mais uma vez o seu talento para esse tipo de personagem. Ele esboça Sherlock Holmes com elegânia e esperteza (ainda que o próprio personagem se ache mais inteligente do que de fato é). Jude Law, entretanto, é o grande destaque do elenco. O ator que interpreta John Watson, fiel parceiro de Holmes, atua com exímia perfeição e cria um personagem ainda mais adorável que o protagonista.
Guy Ritchie, no entanto, é o nome que menos se destaca na produção de 'Sherlock Holmes'. O diretor, que já comandou Snatch - Porcos e Diamantes e RocknRolla - A Grande Roubada, faz do seu mais novo filme, um "típico trabalho dirigido por Guy Ritchie". Isso porque o longa contém as principais características do diretor, o que inclui pancadaria gratuita, humor misturado à ação e o excesso dela. Ritchie não consegue se livrar do rótulo que carrega por toda a sua carreira, e transforma 'Sherlock Holmes' em apenas mais um filme divertido, sem grandes atrativos no roteiro.
O enredo conta como Holmes e Watson devem deter Lord Blackwood, criminoso acusado e condenado de praticar magia negras em suas vítimas, de assumir as rédeas do Parlamento britânico usando seus poderes das trevas (exatamente isso que você leu). Depois de alegar a sua morte por enforcamento, Watson (que está prestes a se casar com Mary Morstan) tem que ficar ao lado de Holmes mais uma vez, quando o retorno misterioso do Lorde parece alarmar a população de Londres. Eles contam com a ajuda da trambiqueira Irene Adler (Rachel McAdams), que sempre teve uma queda não assumida por Holmes e do Inspetor Lestrade (Eddie Marsan).
Mas o que o filme tem de melhor, na verdade é a sua arte fabulosa. Desde os magníficos efeitos especiais, que reproduzem magistralmente a construção da Tower Bridge, a ponte mais famosa de Londres, até sequências filmadas em ritmo lento e outras de edição rápida acompanham sempre a lógica de Holmes, cujo raciocínio ágil confundiria qualquer um sem a montagem ágil e adequada. A direção de arte cumpre o seu dever com a elaboração de cenários (principalmente os externos) que imitam a Londres de antigamente. O luxo dentro dos aposentos e a precariedade de outros se mostra ainda mais eficaz e faz com que o trabalho dos desenhistas de produção James Foster, Nick Gottschalk, Matthew Gray e Niall Moroney seja aplaudido em pé. Além do mais, a fotografia sombria e tempestuosa de Philippe Rousselot combina perfeitamente com o clima do filme, e os figurinos esboçados por Jenny Beavan surpreendem pela delicadeza e charme das vestimentas.
No todo, Sherlock Holmes é um filme divertido e distrativo. Downey Jr. e Law garantem as boas interpretações e a música de Hans Zimmer pode agradar a uns e outros. Mas o filme não passa de uma mera tentativa de entretenimento, que em parte deu certo e em outra não serviu em nada para a evolução de Ritchie como diretor. Resumindo, se você está atrás de diversão, 'Sherlock Holmes' é uma boa alternativa, mas fique sabendo: tem outros filmes mais divertidos.
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