Sucesso estrondoso nas bilheterias, Lua Nova é aquele típico filme adorado por uma legião de fãs, odiado pelo resto do público e massacrado pela crítica.
Depois de dar io pontapé inicial à saga "Crepúsculo", o filme de mesmo nome foi apenas o começo de uma quadrilogia que promete. Não estou falando em termos de qualidade, mas sim de números. Ainda que Crepúsculo tenha feito um sucesso razoável nos cinemas ano passado, a sua mais nova sequência bateu todas as expectativas e, em seu quarto dia de exibição, já soma quase 300 milhões de dólares arrecadados em todo o planeta. Sem dúvidas, o motivo mais plausível para tal surpresa são os milhares de apaixonados pela história de amor impossível entre Bella e Edward.
'Lua Nova' dá continuidade à relação entre a humana e o vampiro, mas agora enfatizando o ponto de vista de Isabella, a bela Kristen Stewart. Depois de se recuperar de um ataque vampiresco que quase a liquidou, Bella se vê perdida quando Edward decide terminar o namoro, com o intuito de protegê-la da sua espécie. Solitária, triste e melancólica, ela vai contar com a amizade cada vez mais íntima do lobisomem Jacob.
Para não começar listando todos os inúmeros problemas e defeitos do longa, é bom comentar que nem tudo no filme significa uma perda total de tempo, dinheiro e sanidade, como muitos afirmam. É bem verdade que pouco se extrai do filme durante a sua extensa duração, mas devemos concordar que existem pontos positivos. Começando pelo mais banal de todos, a excelente trilha sonora. Se tem algum nome competente na equipe de 'Lua Nova', esse é Alexandre Desplat, um dos compositores mais bem conceituados e respeitados da atualidade. Seu trabalho aqui, ainda que inferior aos anteriores, continua excepcional e talvez seja um dos poucos motivos que fazem o ingresso do longa valer a pena. Podemos dizer também que a mudança radical da fotografia tenha sido um ponto positivo para o moral do filme, ainda que as luzes escuras, misturadas aos tons de marrom e cinza, dêem uma sensação falsa de obscuridade.
No elenco, destacam-se pelo menos duas atrizes: Kristen Stewart e Dakota Fanning. Sim, a protagonista prova ter talento para a coisa, ainda que este não lhe seja extraído devido à direção estúpida de Chris Weitz. Fanning, por outro lado, parece se ver livre de quaisquer instruções e aqui, mesmo com uma participação mínima, comprova ser a melhor atriz mirim da atualidade. E não à toa. Sua interpretação, simples, é dotada de medo e naturalidade. Não deixa de ser verdade o fato de suas lentes vermelhas atrapalharem a imagem que sua personagem Jane passa, mas sem dúvidas, o talento da jovem atriz de 15 anos surpreende quando ela enuncia uma única palavra: "Pain", ("Dor" em inglês). De restante, temos Michael Sheen em uma interessante, porém irregular interpretação.
Agora chegou o momento de avacalhar com tudo que tenho direito. E antes que algum fã da saga me julgue por isso, devo dizer que estou livre de quaisquer preconceitos e ao meu ver, enuncio somente a realidade nua e crua. Pois então sinto em dizer à todos aqueles que esperavam em "New Moon" um bom filme, que este não chega nem perto de ser um. Na verdade, é péssimo. Tudo por conta da soma de inúmeras trapalhadas e erros que fazem dessa continuação, uma produção extremamente risível e medonha.
Para começar a lista, Chris Weitz. Um diretor absurdamente incapaz que, apesar de trazer melhorias ao olhar dos fãs e saber provocar sentimentos nos mesmos, demonstra uma inacreditável capacidade para irritar qualquer um que deseje mudar seu modo de ver essa, que é uma das séries adolescentes mais mal vistas de todos os tempos. Weitz não poupa o espectador inocente ao apresentar à ele cenas constrangedoras, para não dizer apelativas. É preciso ensiná-lo a como editar um filme, como conduzir uma batalha e como orientar seus atores a fim de obter o melhor resultado possível, ainda que abaixo das expectativas. Pois bem, ele não sabe nada disso. E a prova se encontra nos cinemas agorinha mesmo.
O roteiro, assinado Melissa Rosenberg, é carregado de sentimentalismos estúpidos e manipulações baratas para extrair lágrimas das pessoas mais desprevinidas. De fato, é possível chorar em 'Lua Nova'. De desgosto, evidentemente. O texto é insosso, com diálogos feios e passagens de tempo terrivelmente planejadas. Nada funciona. Por vezes, o roteiro passa para o drama, depois para a ação, mais tarde para o suspense e dá até um pulinho na comédia, transformando 'Lua Nova' em um pacote cheio para críticas negativas.
Não é preciso dizer que o restante do elenco de "New Moon" encontra-se em um estado preocupante de interpretações. Robert Pattinson é tão mau ator quanto assediado por fãs histéricas e descontroladas. Taylor Lautner tem tudo para virar o mais novo galã da saga, mas este aqui não passa de mais um lastimável objeto para manipular fãs gritantes com seus músculos torneados. Nem é preciso gastar linhas discorrendo sobre os outros intérpretes, uma vez que seguem a mesma linha do elenco como um todo.
Em quesitos técnicos, é necessário comentar que os efeitos especiais conseguem transitar entre o ridículo e a dúvida. Sim, pois os "lobos" que aparecem no filme são tão mal feitos que ficamos realmente nos convencendo: "Mas claro que é uma raposa." Além disso, os cenários pobres, a maquiagem grotesca e os figurinos feios fazem de "New Moon" um desastre também no que diz respeito à arte.
Ao final, devo admitir que nisso o diretor acertou. Quando Edward enuncia a última frase do filme, preciso dizer que até eu fiquei curioso para conferir Eclipse ano que vem.
Enfim, Lua Nova não chega a ser uma bomba, mas passa perto. É um filme unicamente feito para fãs e para quem tem paciência e estômago para aguentar cenas apelativas, onde poucos homens aparecem de camisa. Um erro atrás do outro fazem deste um erro gigantesco, onde poucos aspectos se salvam. Divertidinho para quem curte, chato, longo e risível para quem não é lá muito chegado. Dispensável, como um todo.
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