Segunda parte de uma das trilogias mais bem sucedidas da história do cinema. 'O Poderoso Chefão: Parte II' é inclusive melhor que o primeiro filme.
O impacto que 'O Poderoso Chefão' de 1972 causou foi tanto, arrecadou tanto dinheiro nas bilheterias que esta segunda parte da trilogia de Francis Ford Coppola é reflexo do sucesso que o primeiro fez em todo o mundo, conquistando prêmios e prestígio. 'O Poderoso Chefão: Parte II' é complexo, dirigido com excelência, escrito brilhantemente, interpretado como poucos filmes e belíssimo em quesitos de arte. Reclamações? Nem a extremamente extensa duração atrapalha o andamento do filme, deixando a sensação de que cada minuto é precioso para um espectador atento, que não desgrudou os olhos da tela um minuto sequer. As chances desta continuação dar errado eram enormes, mas a classe de Coppola contornou todas as desconfianças e produziu e dirigiu, assim como ajudou a escrever mais um belo e maravilhoso filme, melhor que o primeiro (algo que parecia completamente improvável) e fez desta, a primeria sequência a gnhar o Oscar de Melhor Filme.
Agora já nos anos 50, e depois da morte de Don Vito Corleone no final do primeiro episódio, é a vez de Michael Corleone, o terceiro e único herdeiro do pai que deve comandar os negócios das "família" de mafiosos que contornam a sua. Mas desta vez, as coisas não seriam tão fáceis como foram há 10 anos. Depois da guerra que se estabeleceu entre as famílias quando seu pai era vivo, agora ele vê o império que Vito construiu começar a cair. Tentando expandir os negócios da família a Las Vegas e Cuba, ele descobre que um antigo amigo de seu pai está tentando matá-lo. Atentados contra a sua família levam Michael a ficar cada vez mais paranóico, levando-o à problemas no casamento e traição de alguém perto, muito perto dele. Ao mesmo tempo, de volta ao início do século XX, conhecemos a trajetória de vida do ainda jovem (e vivo, por sinal) Vito Corleone, interpretado pelo talentoso Robert De Niro, vê seus pais serem mortos quando criança e parte para Nova York em um navio de imigrantes italianos. Lá, ele constroi sua família, adotando desde cedo o hábito de matar e negociar com as pessoas, sabendo agradecer os seus favores.
Aumentando o clima de suspense do primeiro filme, esta segunda parte abusa da tensão que se estabelece com mais intensidade devido a uma evidência de traição e tentativas frustrantes de morte ao principal líder da família Corleone. O roteiro, mais uma vez brilhante, é mais longo que o do primeiro, pelo menos 25 minutos a mais fazem muita diferença e são extremamente importantes para que duas histórias paralelas se sustentem equilibradamente. 200 minutos parecem ser exagerados até demais, mas sem eles, a história não seria tão bem sacada.
O elenco mais uma vez extrapola nas atuações. O destaque de agora fica por conta do jovem mais muito competente ator Robert De Niro que ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por este personagem. Para se preparar para o papel de Vito Corleone ainda jovem, De Niro viveu uns tempos na Secília, a fim de aprender bem o italiano, já que boas partes de suas falas no filme não são em inglês. Al Pacino brilha ainda mais desta vez. Se já estava ótimo no primeiro filme, ele se superou desta vez. Com um tom muito mais ameaçador e imponente do que costumava usar quando ainda era o caçula da família, seu personagem Michael Corleone demonstra em Pacino como o ator é talentoso. Capaz de ter segurança e verosemelhança com um verdadeiro mafioso, que não possuia na "parte um" da trilogia, por não estar à frente dos negócios ainda. Sua transformação para dez anos mais velho é espantosa. O ator até possui um tom de voz mais grave e rouco e uma aparência mais antiga, apesar das filmagens terem sido feitas dois anos após o lançamento do primeiro filme nos cinemas. O restante do elenco também está ótimo, abusando de uma experiência nova, sentiram-se seguros para desempenhar seus papéis da forma mais convincente possível, principalmente sabendo que tem mãos de ouro dirigindo-os.
Falando em diretor, Francis Ford Coppola é único e genial mais uma vez. Perdendo (injustamente) o Oscar de Melhor Diretor por 'O Poderoso Chefão' para Bob Fosse de 'Cabaret', ele ganhou desta vez, ainda mais merecido ainda. Seu trabalho se não é melhor que o primeiro, é tão bom quanto. Sentindo-se livre para fazer algumas extravagâncias, agora com um orçamento mais folgado, Coppola aproveitou para fazer algumas filmagens na República Dominicana, onde passaria a ser Cuba no filme. Já que não pôde fazer o que queria com os aspectos técnicos no primeiro filme, também por problemas de orçamento, agora ele abusou da criatividade do trabalho do mesmo desenhista de produção Dean Tavoularis, mas agora com um outro diretor de arte, o ainda mais competente Angelo P. Graham, vencedor do Oscar por este trabalho. A trilha de Nino Rota e Carmine Coppola foi vencedora do Oscar, depois da derrota injusta na cerimônia de 1973. E mais uma vez a fotografia brilhante de Gordon Willis brilhou nas telas, apesar de usar um tom mais sombrio e tenso que o seu trabalho anterior.
'O Poderoso Chefão: Parte II' é melhor que o primeiro episódio, por incrível que pareça e é responsável por mais um marco na história do cinema. Francis Ford Coppola mais uma vez surpreende com um filme sensacional e adquire mais e mais fama por ser diretor de filmes tão bem feitos. Perfeito em cada detalhe, cada letra do roteiro é bem aproveitada e as atuações se tornam mais uma vez memoráveis. Se você viu o primeiro filme, não deixe de ver esse. É tão obrigatório quanto e é sem dúvida, um prazer, um gosto.
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