Um poderoso e inesquecível filme de Francis Ford Coppola.
'O Poderoso Chefão' é considerado por muitos um dos melhores filmes, senão o melhor já feito na história do cinema. Dono da segunda posição da lista dos 100 melhores filmes do AFI, a mais importante instituição do cinema norte-americano, o primeiro trabalho de Francis Ford Coppola no cinema rendeu vários prêmios ao redor do mundo, entre eles o Oscar de Melhor Filme, e mais as estatuetas de Melhor Ator para o genial Marlon Brando e Melhor Roteiro Adaptado, além de cinco Globos de Ouro, incluindo Melhor Diretor. 'O Poderoso Chefão' retrata fielmente o crime organizado, espalhado entre os Estados Unidos e a Itália durante os anos 40.
Don Vito Corleone é um italiano que veio para os Estados Unidos quando ainda era muito jovem. Construindo uma família ao lado de sua esposa e de seus quatro filhos legítimos e um adotivo, Vito se tornou um homem de respeito por liderar uma família de mafiosos, que costuma ser muito prestativa às outras pessoas, exigindo favores futuros. Quando as drogas começam a chegar na cidade de Nova York, onde a família reside, um "amigo" da família Corleone, Virgil Sollozzo pede a Vito que dê permissão e apoio político para a entrada de narcóticos no país. Vito se recusa a oferecer ajuda e sua família passa a ser vítima de uma série de atentados mortais, que têm como objetivo faze-lo mudar de lado. Esses inúmeros crimes contra os entes de Vito acaba gerando uma guerra entre as famílias.
Em quesito de direção, não há reclamações palusíveis contra Francis Ford Coppola. Em seu primeiro trabalho como diretor de longametragens, Coppola brilha tão intensimente por trás das câmeras que chega a ser até mesmo clichê elogiar o seu trabalho como diretor no filme. Realizando o feito de transformar uma reles adaptação do livro de Mario Puzo sobre o modo de agir da máfia na primeira metade do século XX em um filme absolutamente genial, com sacadas fantásticas de uma obra-prima de tamanhos inalcansáveis, Coppola se tornou na época uma das revelações mais especiais do cinema, capaz de dirigir verdadeiras obras-de-arte em forma de cinema. Comando com unhas e dentes um roteiro complexo de quase três horas de duração, o diretor, apesar de não poder ter certa folga e segurança para trabalhar como queria devido ao não tão extenso orçamento, conseguiu transformar este em um dos mais importantes trabalhos da história do cinema, com um elenco afiadíssimo que vai desde Marlon Brando até o ainda jovem Al Pacino, um roteiro realista e uma arte esplêndida de detalhes e classe.
Devo dedicar um parágrafo inteiro à interpretações do fabuloso ator Marlon Brando. O intérprete, que faleceu em 2004, fez um trabalho nada a mais nada a menos que s-e-n-s-a-c-i-o-n-a-l na pele do caridoso Don Vito Corleone. Em talvez a mais inesquecível atuação da história do cinema, com aquela cara triste e abatida, com uma voz amargurada e ressentida, Brando tem sacadas de um verdadeiro gênio. A cena em que ele está na cama de hospital, quando recebe a visista de seu filho Michael e a cena de sua morte são absolutamente chocantes, não por serem deliberadamente fortes e povoadas por violência explícita, que tem muito no filme, mas por sua delicadeza e capacidade do ator de interpretar tantas faces de um mesmo personagem em um mesmo filme. Enfim, coisa de gênio.
Não podemos ignorar o restante do elenco. Os destaques ficam por conta dos intérpretes masculinos, como o já brilhante Al Pacino em uma atuação memorável, James Caan como o filho mais velho, o cheio de classe Robert Duvall, todos possuem excelentes diálogos e cenas vibrantes. Entre os destaques do elenco feminino podemos dizer que Diane Keaton está linda como mulher e ótima como atriz. Talia Shire, que interpreta Connie Corleone também está divina. O elenco por um todo é brilhante e muito bem comandado pelas competentes orientações de Francis Ford Coppola.
O roteiro do filme, que por ser muito complexo, possui a sua genialidade camuflada. Talvez um dos maiores trunfos do filme, neste 'O Poderoso Chefão' fica-se provado como um roteiro é importância suprema para o sucesso de um determinado filme. Se o roteiro é bom, pode-se ter certeza que, se tiver um diretor talentoso por trás, algo de bom sairá. Neste caso não é diferente, acho que nunca foi tão possível identificar a beleza da realidade em um filme como nesta primeira parte da trilogia de Coppola. Choca, critica, mostra a mais dura e sombria realidade de como a máfia "fria" dos anos 40 resolvia os seus problemas. Embora tratassem desse "tema", Coppola e Mario Puzo, autor do livro que inspirou o filme, evitaram ao máximo citar a palavra "máfia" durante os 175 minutos de duração.
Por ser tão conhecido, é interessante saber a respeito dos bastidores de 'O Poderoso Chefão'. Al Pacino, por exemplo, quase não fez o papel de Michael Corleone. Atores de alto escalão como Warren Beatty, Jack Nicholson e Dustin Hoffman estiveram cotados para interpretar o personagem, mas todos recusaram. Somente depois Pacino foi escolhido para fazer um dos mais importantes personagens do cinema. Robert De Niro também esteve cotado para fazer o papel, mas não passou nos testes. Já para interpretar Vito Corleone, o ator Laurence Olivier era uma opção, mas também recusou.
Entre os problemas enfrentados pela produção do filme, o mais grave foi na cena em que o personagem de James Caan, Sonny Corleone espanca Carlo, interpretado por Gianni Russo. No filme, Caan joga Russo pra dentro de uma cerca, dá socos e ainda chuta as costas do outro ator. Segundo a produção, Caan realmente quebrou algumas costelas de Russo.
Na arte deste primeiro episódio de uma das trilogias mais conhecidas do cinema, a fotografia é o que mais impressiona. Optando por dar um tom mais escuro que o habitual nas cenas noturnas, o diretor de fotografia Gordon Willis foi extremamente eficiente, pois assim, já que algumas das várias cenas de tensão ocorrem à noite, a sensacional de apreensão e suspense aumenta. A direção de arte de Warren Clymer e do desenhista de produção Dean Tavoularis, pode-se perceber o retrato mais do que fiel aos cenários dos anos 40, principalmente a decoração escura e a presença de laranjas em algumas cenas, que indicavam que logo em seguida algum atentado aconteceria ou alguma morte seria provocada.
'O Poderoso Chefão' de Francis Ford Coppola é um primor de realismo e um filme excelente de diretor competente, elenco tão eficiente quanto e um roteiro esplêndido misturado a uma arte complexa e inteligente, cujo único defeito é demorar um pouco até onde quer chegar, deixando algumas cenas extensas demais ou até mesmo cansativas devido à ausência de diálogos, que seria um fator genial caso essas passagens não durassem tanto. Nada que atrapalhe o gigantismo que essa obra, uma das mais importantes da história, adquiriu com o passar dos anos e foi o impulso para a produção de mais duas partes. Imperdível e obrigatório, principalmente para quem é fã de cinema.
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