Embalado na onda de 'Harry Potter', Percy Jackson e o Ladrão de Raios tem vários defeitos no texto, mas é capaz de divertir e garantir o ingresso.
Quem leu os livros tem muito do que reclamar. Segundo os fãs, empolgados com a expectativa de ver o filme do primeiro episódio ser adaptado para as telonas, muito do que se contava no livro foi alterado e ignorado. Eu, que ainda não tive a oportunidade de ler as obras escritas por Rick Riordan, fui ver o filme sem saber o que esperar da história, mas com um pé atrás diante de um longa feito mais para agradar adolescentes do que a todos os tipos de público. O resultado, porém, não foi dos piores. Na verdade, sem estar envolvido com a trama, ficou muito mais fácil encarar a diversão com braços abertos e 'Percy Jackson e o Ladrão de Raios' é um bom filme, cheio de problemas no roteiro e nas interpretações, mas que diverte o suficiente para fazer jus ao dinheiro que se paga.
Assim como Harry Potter, Percy Jackson é um garoto que mal saiu da infância e já é abalado com uma notícia bombástica. Não, ele não é bruxo. Jackson, de apenas doze anos, descobre que é filho de Poseidon, o Deus dos Mares. Fica sabendo também que está sendo caçado por Zeus, o Deus dos deuses, que o acusa de ter roubado o seu raio, a arma mais poderosa de destruição em massa. Depois de ser mandado para o Acampamento Meio-Sangue, onde somente seres metade humano e metade Deus pode entrar, a mãe de Jackson, Sally, é raptada por um Minotauro, que a leva para o Mundo Inferior. Agora, com a perspectiva de perder a mãe, Jackson deve entregar o raio roubado para Hades, o Deus do submundo. O único problema é que não foi Percy quem roubou o raio e ele não tem ideia de onde ele possa estar.
Mesmo sem a arma de Zeus, mas com o intuito de salvar a mãe das garras do inferno, Jackson, Annabeth Chase, filha de Atenas e Grover Underwood, um Sátiro, saem em busca de três pérolas que, juntas, poderão levá-los ao Mundo Inferior.
Chris Columbus, que dirigiu os dois primeiros filmes da série 'Harry Potter', ficou a cargo de comandar a primeira aventura do filho de Poseidon. Como era de se prever, muito do mundo mágico de Rowling está presente no episódio número um de Percy Jackson. Criaturas parecidas com as criadas pela escritora britânica, três personagens com características singulares que definem bem cada um, instrumentos mágicos que auxiliam no voo, na magia e em batalhas, além de resoluções muito aflitivas mas que terminam da melhor maneira possível. Tudo isso está presente na obra de Riordan, mas o que mais causa impacto no filme é como Chris Columbus conseguiu transpôr toda a mágica de Harry Potter e a Pedra Filosofal e Harry Potter e a Câmara Secreta para o mundo da mitologia grega de Percy Jackson. Algumas situações são tão parecidas que chegamos a imaginar os personagens sacandos as varinhas e murmurando feitiços contra os oponentes. Apesar disso, Columbus demonstra avanço depois de dirigir os dois primeiros filmes da saga de Harry Potter. Aqui, ele conduz a história com agilidade e competência, sem exagerar no brilho e nas infantilidades com as quais ficou conhecido.
Entretanto, mesmo com defeitos no desenvolvimento da história e com algumas sequências que beiram o ridículo e até são cômicas, 'Percy Jackson' é eficiente como filme de ação e aventura, e diverte o espectador com a rapidez do roteiro e modernização da mitologia grega.
Logan Lerman, ator que não foi lançado pelo papel de Percy Jackson, mas que era um ilustre desconhecido antes do filme, terá sua carreira marcada pelo personagem de semideus (a não ser que interprete o novo Peter Parker de 'Homem-Aranha'). Entretanto, ele demonstra ter jeito para o cinema, já que possui bons momentos e outros bem medíocres. Brandon T. Jackson é um que demonstra talento para a comicidade do texto. ele é capaz de provocar boas risadas, mas quando lhe extraem alguma dramaticidade, fica comprovado que o forte do ator não está lá. Alexandra Daddario, que interpreta a filha de Atenas, é a pior dos três. Bonita, mas com indescritível inexpressividade, ela até que conduz bem algumas sequências, mas demonstra incapacidade em outras tantas.
'Percy Jackson e o Ladrão de Raios' ainda conta com a participação de um elenco famoso. Catherine Keener interpreta Sally Jackson, mãe de Percy, que possui um papel pequeno mas importante para a trama. Uma Thurman, em ótica caracterização da mitológica Medusa, possui um dos melhores momentos do filme e até que a sua "cabeça" acaba sendo útil em algumas cenas. Além deles, Pierce Brosnan também aparece e tem como principal mérito não aparecer muito. Sean Bean e Joe Pantoliano também estão no elenco, com destaque para o segundo.
Contando com um roteiro superficial e conveniente, Percy Jackson e o Ladrão de Raios diverte o espectador com seus bons efeitos visuais e mantém um ritmo ágil até o seu término. Possui um visual moderno e interessante, mas não passa disso. É um filme feito para adolescentes, mas que também pode entreter adultos descompromissados. É um bom início para um série que promete.
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