No, o novo longa de Pablo Larrain ("Post Mortem") é, acima de tudo, didático. Serve como uma boa aula de história, serve para futuros publicitários, serve para os cinéfilos de plantão, enfim, tem mil e uma utilidades. Além, é claro, de ser um puta dum filmaço. Não é nenhuma obra-prima do cinema latino, sosseguem. Mas é um daqueles filmes que você sente prazer em assistir, mesmo sabendo do final.
"No" mostra os bastidores do plebiscito que pôs fim à ditadura militar chilena. O povo tinha duas opções: votar SIM pela permanência de Pinochet no poder ou votar NÃO pelo fim do regime. As pessoas estavam desanimadas, muitas pretendiam nem se dar ao trabalho de sair de casa para votar. O plebiscito, para muitos, era uma fraude. A vitória do SIM estava praticamente garantida - e os próprios milicos tinham certeza absoluta de que Pinochet permaneceria governando o Chile. Mas é isso que dá cantar vitória antes do tempo. René (Gael Garcia Bernal), um publicitário bem-sucedido, foi convidado a integrar a equipe criativa da campanha pelo NÃO e a transformou da água para o vinho. E adivinhem só: deu certo!
Não pensem que estou entregando o final do filme. O interessante mesmo é ver como as coisas caminham até a vitória da oposição. E, acreditem, há momentos que a gente até esquece que o NÃO vence e torcemos para que os publicitários façam uma campanha superior a do SIM. E vibramos quando percebemos que o trabalho está surtindo efeito!
Não fosse "Amour" o franco favorito a levar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, "No" teria boas chances. É um pequeno grande filme, filmado em uma abordagem quase documental e com um trabalho de fotografia fora de série. Ágil, bem amarrado e muito, mas muito interessante tanto para quem gosta de publicidade e história, como para os que amam cinema de qualidade.
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