Uma Grécia paradisíaca e músicas de qualidade salvam Mamma Mia! de ser um desastre completo.
Poucos musicais chegaram ao público nesta primeira década do século XXI. Alguns de qualidade prestigiada como Moulin Rouge - Amor em Vermelho e Chicago, outros menores mas que mesmo assim convencem, como é o caso de Dreamgirls - Em Busca de um Sonho, Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet e Hairspray - Em Busca da Fama. Na verdade, os musicais parecem ter perdido força nos últimos anos e alguns poucos que foram lançados nos cinemas contém o charme e a elegância dos clássicos do gênero do século passado. Foi nesse embalo que 'Mamma Mia!' chegou às telonas de todo o mundo: prometendo diversão com as contagiantes músicas da banda sueca ABBA e competência com os renomados nomes do cinema que constavam no elenco. Infelizmente, o musical dirigido por Phyllida Lloyd é tão enfadonho que nem os seus patéticos números musicais conseguem divertir o espectador.
A história por si só não gera muitas expectativas. Sophie, interpretada pela bela voz de Amanda Seyfried, é um garota que está prestes a se casar com Sky (interpretado pelo insosso Dominic Cooper). Ela é filha de Donna (agora, a "quase" sempre competente Meryl Streep), proprietária de um hotel na ilha grega de Kalokairi. Sophie cresceu sem o pai, e após ler o diário da mãe, ela descobre três possíveis candidatos à sua figura paterna. Resolve então, sem o conhecimento de Donna, mandar convites de casamento para os três homens, acreditando que assim que visse o pai pela primeira vez, logo o reconheceria. Entretanto, não é assim que acontece e quando Bill, Harry e Sam chegam à Grécia, nem a própria Donna parece ter certeza de quem é o pai da filha.
Podemos resumir o roteiro de 'Mamma Mia!' como uma bela desculpa esfarrapada para se filmar um longa com o único intuito de inserir músicas do ABBA no meio. Sendo assim, mesmo que você não tenha visto o filme, é possível imaginar o quão fracos os números musicais do filme são, sem inspiração alguma e nenhuma criatividade. Além disso, o texto também não deixa por menos. Diálogos vazios, situações terríveis e personagens ridículas completam o pacote de monstruosidades que Phyllida Lloyd constrói junto com a roteirista Catherine Johnson.
Agora, o mais decepcionante é ver a grande atriz Meryl Streep se submeter à um papel tão medonho. Donna quase poderia passar por uma prostituta, e Sophie é mais uma daquelas garotinhas ingênuas e insuportáveis que jamais poderá ser feliz sem conhecer o pai. Nestes aspectos, as atuações se fazem piores do que qualquer outra coisa no filme. Não sabemos que é pior, mas mesmo em uma personagem que não ajuda em nada, Meryl Streep é a menos péssima do conjunto. As interpretações horripilantes ficam mesmo por conta de Pierce Brosnan, Colin Firth, Skarsgård, Christine Baranski, Dominic Cooper e até mesmo de Julie Walters. Ou seja, você deve ter reparado que eu praticamente citei todos os nomes do elenco, pois, afinal de contas, é cheio de atores conhecidos e importantes, mas todos nos seus piores dias. Amanda Seyfried, o que tem de chata, tem de boa cantora. O mesmo não se pode dizer, entretanto, de Streep e Brosnan, mais desafinados que os amadores mais terríveis das audições de American Idol.
Vale ressaltar também que o espectador espera todos os 108 minutos para que o segredo final fosse revelado. Mas quando chega ao seu término, "Mamma Mia!" cai no lugar comum mais terrível que existe, com uma resolução fácil e extremamente constragedora.
Não fossem as excelentes canções de uma das bandas mais imortais da música internacional e pelas paisagens extremamente belas do mar grego, Mamma Mia! certamente figuraria entre os piores filmes de 2008. Onde a incompetência do texto, da direção e do elenco fazem deste um dos piores musicais já feitos, ainda que a nota não seja tão baixa, devido ao fato isolado do filme ser uma fonte de diversão interessante. Essa, talvez, seja a explicação mais convincente para os quase 610 milhões de dólares arrecadados em todo o mundo.
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