Embalado pela onda "Aquecimento Global", Home é uma fraca tentativa de se dar bem em um ramo que já exige inovações.
E enquanto ninguém inova em absolutamente nada, o "assunto do milênio" continua massacrando a paciência da humanidade da mesma forma batida e despretenciosa de antes. O réchauffement, o Erwärmung, o الاحتباس الحرار, el calentamiento, the Global Warming ou seja lá em quantas maneiras e línguas diferentes o Aquecimento Global pode ser tão exaustivamente repetido nos dias atuais. Não importa o lugar, não importa a circunstância, nada importa neste mundo globalizado onde até as mensagens educativas são transmitidas da mesma maneira. Quando Uma Verdade Incoveniente estreou, com um ex-candidato a presidente dos Estados Unidos prevenindo a população das catástrofes que um dia abalarão o mundo, as pessoas já pareceram dispostas a abrir os olhos para a atual situação do planeta. Outros filmes sobre o assunto vieram, com o mesmo intuito daquele protagonizado por Al Gore. Alguns deles são Aventuras no Novo Ártico, os recentes A Era da Estupidez, o provável candidato a "bomba" Alta Temperatura e este Home - Nosso Planeta, Nossa Casa. Com isso, é correto afirmar que o aquecimento global se tornou, além de uma série repetitiva e ordinária de matérias e previsões catastróficas sobre o futuro da Terra, um excelente empreendimento para as várias áreas da mídia, o que inclui, é claro, o cinema.
Nem vou perder o meu tempo dizendo que a má interpretação do presságio maia (aquele que diz que o mundo vai acabar em 21 de Dezembro de 2012) ajudou ainda mais para que os mais ignorantes acreditem que o apocalipse, tão próximo, está ligado com o aquecimento do planeta. O fato é que ainda não descobriram uma maneira mais impactante (não o suficiente) para alertar a humanidade sobre as previsões feitas por cientistas do mundo inteiro e então aparecem campanhas, notícias e matérias, todas relacionadas da mesma forma. Se já está ficando penoso ter que ver o "Fantástico" passar n documentários da BBC inglesa em sua programação medíocre todos os meses sobre o aquecimento global, mais torturante ainda é ver o tema sendo apresentado sempre do mesmo jeito, sem inovações. 'Home', um ambicioso e interessante documentário sobre o assunto, chegou para comprovar essa tese.
Se você gosta de paisagens, vai adorar. Mas se não durmir durante a exibição do filme, é claro. O documentário dirigido e escrito por Yann Arthus-Bertrand se baseia em banais vistas áreas de diversas localidades do planeta. Todas belíssimas, é verdade, mas a precariedade do texto, a narração rebuscada, equivocada e sonolenta, a trilha sonora suave, quase imperceptível, contribuem para o resultado final: uma pura e verdadeira chatice. São 90 minutos que parecem durar uma eternidade, sendo que a grande parte deles são gastos com figuras de linguagem desnecessárias. A lentidão excessiva da narração de Glenn Close, assim como o vazio do texto que mal é preenchido pelas belas imagens do planeta, tudo contribui para um documentário que fala, fala, fala, e não chega em lugar nenhum. No final é a mesma mensagem batida, enrolada e que todos, apesar de não parecer, já sabem.
Se tem algo de valioso neste que é, sem dúvida alguma, um trabalho engenhoso e bonito, são justamente as suas imagens (algumas são impressionantes de tão lindas). Home, pelo menos, cumpre o seu objetivo e passa a mensagem ao longo de toda a sua duração. Vale a pena ser exibido em escolas como material educativo (é aconselhável que não apaguem as luzes, entretanto) e pode interessar e uns e outros. No final das contas, é um estimado, porém cansativo e batido documentário francês sobre o aquecimento global, provando que inovações e boas e novas ideias são necessárias o mais rápido possível.
Quem estiver interessado em conferir o filme, ele já está disponível em algumas locadoras. Mas quem quiser assistir gratuitamente, pode ser baixado no You Tube, em uma versão integral e de alta definição (o que é essencial para quem quiser ver no computador).
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