“Mama! Por que eu sou tão triste?“
Pode um Sol fazer mal aqueles que tanto ama? Ainda mais se o que mais quis foi iluminar as faces desses seres. Mais ainda nos períodos de trevas. Por outro lado, pode alguém não saber lidar com alguém tão carismático a ponto de lhe desnortear por tanta luz que irradia? Essas são algumas das reflexões desse filme. Que basicamente “A Primeira Coisa Bela” nos mostra uma relação entre mãe e um filho.
Ela, a mãe, é o Sol dessa história e em via de se extinguir: por conta de se encontrar em fase terminal. Ela é um ser de tanta luz, que nem esse fato a aquebrantou. A cada amanhecer resplandece com tanta alegria que causa admiração entre o corpo médico e os demais internos. Na primeira fase, que conheceremos por flashback do filho, ela, Anna Michelucci, será interprtada por Micaela Ramazzotti. Já na fase atual, quem fará é a atriz Stefania Sandrelli. Não sei se por carência de um excelente maquiador que o Diretor Paolo Virzì preferiu assim, em colocar duas atrizes. Mesmo com todo o processo penoso de um câncer, seriam um salto de quase três décadas entre as duas fases mostradas. Mas ficou melhor assim, já que o peso de uma maquiagem ao envelhecer essa personagem, por certo tiraria o viço ainda existente nessa criatura esfuziante.
A frase no alto do texto é meio sussurrada por esse filho, e já na fase atual. Ele é Bruno (Valerio Mastandrea). Um Professor, que no passado sonhou ser um Poeta. E que se sente um perdido na vida. Mesmo mantendo uma relação estável com alguém de mais posse do que ele. Mesmo tendo ele próprio preferido abandonar seu passado ainda adolescente. Muito embora só tomou essa decisão sob um certo patrocínio: de alguém que também se ressentia da presença marcante de Anna. Mas Bruno parecia ainda preso a esse rebelde sem causa.
Quem vai buscar pessoalmente Bruno, é sua irmã Valéria (Claudia Pandolfi). Ela que de certa forma era a quem mais admirava a mãe a enfrentar as vicissitudes da vida. Mesmo ainda criança, assim ainda sem consciência de fato com o que acontecia a sua volta. Com isso, ela não entendia muito a fuga do irmão. Nem lembrando muito da violência do pai. Esse era outro que não soube entender Anna. Valéria, sem maiores pretensões por uma carreira profissional, casou cedo e foi tentar ser o Sol para a sua própria família: marido e dois filhos. Mas seus filhos também admiravam a avó. Um deles meio que idolatrava o tio Bruno, mas pelo o que a avó contava. Anna meio que fantasiava a realidade, mas não como fuga, e sim como um jeito de prestar mesmo a atenção no que poderia tirar de positivo. Um jeito Amélie Poulain de ser. Bela por demais, despertava a luxúria dos homens, e uma inveja pelas mulheres na pequena cidade de Livorno.
A princípio Bruno se nega a voltar a cidade natal, não se sente preparado para revisitar antigos fantasmas. Mas como se encontra também com dificuldade em enfrentar o seu momento atual, se deixa levar. No fundo, talvez sua maior frustração seja o de se deixar levar por mulheres mais decididas. E nessa volta, ele fará um grande mergulho e conduzido por sua mãe, mas por conta de uma fuga dela do asilo. Ela queria, tinha ainda umas coisas a fazer. Ou melhor, ainda a vivenciar antes de morrer.
E é nessas últimas horas vividas com a mãe, que Bruno descobrirá suas próprias verdades. Será um divisor de água em sua vida. Enfrentando seus medos. Mas pelo seu day after, no final do filme, eu sonorizei um “Nossa!”. Detalhar o porque, seria trazer um grande spoiler. Mas ressalto que meu uma certa pena no porque ele conseguiu se libertar dos seus grilhões.
O título do filme – A Primeira Coisa Bela -, é o nome de uma canção que Anna cantava junto com os filhos nos piores momentos, e o fazia para que sorrissem para a vida. Como na máxima: “Quem canta seus males espantam!”
Então é isso! É um mergulho num universo masculino, numa parada para revisão, mas que de certa forma foi o destino que o livrou de uma prisão que ele próprio construiu. Por isso, e muito mais, eu digo que o filme é muito bom! Mas que não me deixou vontade de rever.
Por: Valéria Miguez (LELLA).
Olá Valéria, seu comentário é precioso pois este filme mexeu com meu coração!
Obrigado.
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