Mamute – O importante não é o destino, mas a jornada.
Um filme tosco contando uns dias na vida de um cara mais tosco ainda.
Talvez por isso que ficou restrito a poucas Salas de Cinemas. O que é uma pena porque passará despercebido para a maioria dos cinéfilos. Se bem que até por parecer um filme de amadores, não deva atrair a esse contingente muito mais afeitos em apontar detalhes técnicos específicos nas grandes produções, do que ver o filme – e aqui válido para os de todos os tipos -, por um todo. Algo mais a ressaltar, estaria no fato de mostrar os atores sem os exageros de maquiagem, verdadeiras máscaras faciais tão comuns nos filmes hollywoodianos. Para o Cinema Francês, as rugas, a passagem dos anos nas faces dos atores não ficam escondidas. O que é ótimo!
Tosco é o termo que melhor define o personagem de Gerárd Depardieu: Serge Pillardosse.
Diferente do seu personagem em “Minhas Tardes com Margueritte“, já que esse era um simplório, e muito carismático. Em “Mamute” até há uma cena onde um ex-patrão o define como um idiota no sentido em ter dificuldade nos estudos, como era também seu personagem nesse outro, mas Gerárd Depardieu conseguiu diferenciar os dois mesmo com esse ponto importante em comum.
Serge é um cara fechado, sem ser antipático.
Durante o filme ficamos sabendo o porque: há um peso pesado que vem carregando desde muito tempo. De poucos amigos. Se não tem quem goste dele, também não tem quem desgoste. Só não passa despercebido, pelo seu tamanho. Cabeludo. Ainda guarda uma moto antiga: uma Mammuth. E é com ela que ele irá fazer uma jornada ao seu passado.
Aposentar de que?
Serge sempre trabalhou, mas ao requerer sua aposentadoria lhe dizem que faltam um período. Então é aconselhado pela esposa, Catherine (Yolande Moreau) a procurar por seus antigos patrões. Sem outra opção, ele monta na moto e parte em busca dessa papelada, que comprove que ele trabalhou. Mas ao fazer essa viagem de volta, irá também reviver um velho fantasma. Velho, pelo tempo. Porque mesmo com um rosto muito marcado, não dá para desviar o olhar de Yasmine (Isabelle Adjani).
O importante não é o destino, mas a jornada.
Assim, vamos nessa garupa da Mammuth, embalados ao som da deliciosa “Des Questions Me Reviennent”, de Gaëtan Roussel, nessa viagem com Serge. Onde há cenas surreais, de uma eu exclamar sorrindo: “Não estou acreditando no que estou vendo!” Essa cena é para um Top Ten… Só não posso falar qual para não tirar a surpresa. Direi apenas que é dele com um primo.
Em “Mamute” vemos um homem já não dando valor a si mesmo, achando meio perdido com aposentadoria, descobrir que se antes trabalhou como a formiga, que agora seria uma cigarra. Livre, também na essência! Eu gostei! De querer rever. Nota: 09.
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