A Dama de Ferro (2011). E o que realmente a retirou de cena!
“Se meus críticos me vissem andando sobre as águas do rio Tâmisa, diriam que é porque eu não sei nadar.” (Margaret Thatcher)
Por vários fatores eu não teria como deixar de assistir esse filme. Por Meryl Streep, sim! Por trazer uma personagem feminina como protagonista, inclusive. Mas indiscutivelmente por centrar na primeira mulher a governar uma democracia moderna: Margaret Thatcher. Isso feito, contando da minha emoção com “A Dama de Ferro“!
”Ser poderosa é como ser uma dama. Se você tem que provar aos outros que você é, você não é.” (Margaret Thatcher)
O título do filme – A Dama de Ferro – cria uma expectativa de que se verá nele apenas a trajetória política dessa grande estadista. Mesmo que esse lado até nos livros escolares é mostrado, o filme mostra sua subida ao poder e depois seu declínio como passado. Vêem em lembranças em momentos de lucidez, devido a sua condição real e atual: por estar com Alzheimer. Mesmo que até pelo filme não dá muito para dissociar a Política da Mulher, também é por ele que esse outro lado ficamos conhecendo: o de uma mulher a frente do seu tempo. Se alguns acham injustos mostrarem ela já nesse período outonal da vida, que olhem por um outro prisma: a de que certas doenças terminam por tirar de cena quem ainda tem muito por fazer em vida. Então que vejam como um Tributo a essa que fez História: Margaret Thatcher!
“Lembranças não podem ficar apenas na memória. Com o tempo, elas se apagam.” (Everton Nunes)
Eu gosto de filmes biografias. Claro que de imediato há uma certa liberdade em como contarão uma história. Primeiro com um texto, depois dando a ele uma nova leitura, e ai já dentro de um contexto visual. Ficando ainda com o Roteiro. Quem escreveu sobre esse filme foi Abin Morgan. Que pelo o que eu li, ela baseou-se em um livro escrito pela filha de Thatcher, o: “Diary of an election: with Margaret Thatcher on the campaign trail in 1983“. Mas como a presença do marido de Thatcher no filme é bem marcante, creio que a Abi também leu um outro da Carol Thatcher, com a biografia de seu pai, Denis Thatcher, o “Below the Parapet“.
Isso vem reforçar, que mesmo o filme partindo da realidade atual de Thatcher, e apenas mostrando o seu passado em flashback, está sim reverenciando essa que foi uma das grandes Personalidades do século XX. Partiu de um olhar da própria filha, passou pelo de Abi, chegando no da Diretora Phyllida Lloyd. E essa por sua vez tinha diante de si um desafio, em contar com muita sensibilidade verso e reverso dessa mulher. A escolha de Meryl Streep foi perfeita! Como também da que faz a Thatcher mais jovem: Alexandra Roach; sendo que essa com um biotipo de acordo com ambas: a real e a Meryl. Saindo-se bem. Conseguiu fazer uma bela ponte para Meryl Streep. Essa por sua vez nos leva com emoção até o final. Um Bravo para todas essas Mulheres, reais e da ficção!
Merece também os aplausos quem fez a maquiagem em Meryl Streep: J. Roy Helland. Foi perfeito no envelhecimento. Ficou muito real. Muito natural. Dando a personagem um envelhecer nada caricato. Em “A Dama de Ferro” também o Figurino como o Cenário atuam como um coadjuvante de peso. É uma bela viagem a um passado recente. E numa Londres sedutora.
O Pai (Iain Glen), o Amigo Airey Neave (Nicholas Farrell), o espirituoso Marido Denis (Jim Broadbent), e o Filho. Esses foram os homens que pontuaram a vida de Margareth, mesmo tendo boa parte dela em meio a um número muito maior. Os três primeiros lhe deram incentivo para que sempre seguisse em frente; e que só a morte que os separaram dela. Dois, morreram de causas naturais. Já o amigo dileto, vítima de um atentado. Já o filho… Bem, esse só aparece em criança. Talvez não tenha perdoado de todo a mãe. Talvez ainda se sinta abandonado pela mãe. Talvez ainda achando que lugar de mulher é em casa.
“Não pergunte o que seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer por seu país!” (John F. Kennedy)
Margareth Thatcher governou o Reino Unido de 1979 até 1990. Num Parlamento onde até então era um território masculino. Fora uma Primeiro-Ministro que não fez política, nem politicagem. Bateu de frente com os Sindicalistas, fazendo com que eles entendessem que manter o emprego era mais importante que lutar por regalias. Talvez, que compreendessem que deveriam sim lutar por capacitar melhor os trabalhadores. Obstinada, tirou o Reino Unido da recessão pela Crise do Petróleo. Escapou de um atentado, em 1984. Ganhou o título – Dama de Ferro -, por severas críticas a União Soviética. Determinada, sua popularidade se solidificou com a Guerra das Malvinas. Mas com oposição até de dentro do seu partido, até suas qualidades eram minadas por eles. Sozinha, se viu na obrigação de renunciar ao cargo também no Partido Conservador.
O marido de Margareth, Denis (Jim Broadbent), fora também o seu melhor amigo. Um fã como também um crítico sincero do lado político dela. Apaixonado, foi com certeza o seu porto seguro. Já que diariamente, ao longa da sua vida política, e até o dia da sua renúncia, ela se via sozinha na arena. Assim, tendo que matar um leão por dia, saber que teria o colo do marido, dera a ela suporte para seguir em frente. Como fizera antes, seu pai. Sempre a incentivando a fazer uso da sua inteligência. Machuca, quando ela tem que enterrar de vez, Denis. Em respeito a tudo que ele representou, era preciso fazê-lo em um dos momentos de lucidez. Em ainda sendo a Margareth Thatcher, a esposa que o amava. Porque dali em diante, por conta do Alzheimer, já poderia nem mais saber quem ela foi algum dia. Sem esquecer também do ator Harry Lloyd que faz o Denis quando jovem. Ele também é muito carismático.
“Um líder é alguém que sabe o que quer alcançar e consegue comunicá-lo.”
Para mim o filme conseguiu sim mostrar quem foi A Dama de Ferro! Uma guerreira! Uma mulher que não se intimidou com arenas com muita testoterona, e no âmbito internacional. Ele também nos leva a mais que julgá-la tentar entender o porque de suas atitudes. Mas sobretudo, o filme faz uma radiografia da pessoa como um todo: a filha, a esposa, a mãe, a política, a amiga, a primeira-ministra, a patroa, a governante… e a mulher solitária que a doença além de afastar as pessoas a deixa como uma prisioneira. De mulher para mulher: bateu orgulho em conhecer um pouco mais dela! Mesmo lembrando que na época, minha torcida fora para a Argentina. Por tudo o que mostrou e do jeito como contou eu digo que foi um fechar às cortinas que me emocionou! Que eu até voltaria a rever, principalmente para ver de novo as cenas com essa dupla: Meryl Streep e Jim Broadbent.
Um filme que assisti com brilho nos olhos. Que me levou a emitir umas sonoras interjeições, ora como um elogio a ela e ao marido, noutras em solidariedade, algumas com pesar, e outras foram mesmo uns sonoros palavrões, mas por certas situações. Uma delas por conta do banheiro feminino no Parlamento. E isso foi um nada por tudo aquilo que teve que enfrentar. Bravo, ao casal Margaret e Denis Thatcher!
Então é isso! “A Dama de Ferro” é um filme excelente! Que mesmo com lágrimas nos olhos, me fez sorrir por também querer bailar ao som de ‘Shall We Dance?’ do filme ‘O Rei e Eu’ (1956).
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