Lupas (11)
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Filme de iniciante, algumas coisas a cabeça tem que polir já que não foram polidas no próprio filme. Mas funciona
zaza | Em 05 de Setembro de 2021.
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Muito da tentativa do filme de mostrar a vida como o cinema não mostra é ingenuamente prova-la inviável no cinema, de certa forma cai em vícios imaturos quanto à relação da imagem com o tempo, ironicamente
zaza | Em 04 de Agosto de 2021.
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O primeiro filme do Yang é tão ambicioso que fica difícil imaginar como ele se superaria. Todos os seus talentos mais celebrados estão completamente maduros aqui, se destacando o grande expansionismo narrativo que caracterizava Dia Quente de Verão e o olhar afiado pras instituições familiares e profissionais modernas. Tolstoi e Balzac ao mesmo tempo, prova no cinema a mesma capacidade da literatura clássica que alguns acreditam ter se perdido.
zaza | Em 22 de Julho de 2021.
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cosmetização infantil de uma ideia turva de cinema político pra uma classe despolitizada. Aí você liga com a sua única outra ideia de cinema político latino que é glauber, seu oposto simétrico estético. Mais radical pendurar na geladeira um imã de cangaceiro escrito "fui pra joao pessoa e lembrei de você". "mas ai o cinema de genero" não
zaza | Em 15 de Abril de 2021.
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Yorgos é um histriônico com síndrome de Munchausen, seus filmes fluem pela vontade de se afirmar como algo "estranho" pelo "estranho", sinalização de si, reafirmação em vez de produção, uma criança irritante em busca de identidade, sem um pingo de sinceridade. É cosmética egoísta.
zaza | Em 15 de Abril de 2021.
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Uma pequena saga espiritual pessoal entre os comentários sociológicos impotentes da Vitrine. Minimalista e íntimo, saga de personagem, tão ameno, acima da extravagância, que nem se aventura pelos takes herméticos e impalatáveis de um arthouse taiwanês sobre a cidade e as pessoas. Porque não é sobre os sistemas urbanos, as relações decadentes, é sobre mentes. Digno no que tenta ser, uma criança educada pra qual se dirige um sorriso.
zaza | Em 15 de Fevereiro de 2021.
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Entre dramas enlatados pra festival do Vitrine-core, nesse estilo implantado ao cinema nacional artificialmente, esse se sobressai como o mais verdadeiro, sincero e brasileiro trabalho da recentidão. Sabe pra onde quer ir, textual e cinematicamente flui como água sem os estudantismos do Kleber, seus acenos pra crítica estrangeira. Finalmente parimos o nosso Tsai Ming-Liang orgânico. (E o pessoal ainda em comparações com Kiarostami, pffff, é não entender nenhum dos dois)
zaza | Em 15 de Fevereiro de 2021.
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Pura e admissa escatologia, sem ponto de apoio num próprio, apenas oposição, um tiro vendado. Sim, desprezível o submundo da classe alta carioca, mas o filme é enterrado no paradoxo de que essa classe se vê da mesma forma que faz o Neville, mais econômico mentalmente assistir algum clipe sincero da mansão stronda do que esse voyeurismo niilista. Pros fãs do nojento, apenas.
zaza | Em 15 de Fevereiro de 2021.
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Pro zeitgeist atual o que o Tarantino foi pros anos 2000, o diretor na moda que transgride acessivelmente as grades do cinema industrial e ensina pra classes de ensino médio que cinema existe, dessa vez não canalizados por namorados mais velhos ligeiramente manipuladores ou professores de filosofia trotskistas, mas listas de top 10 de canais do YouTube muito fãs do horror A24. E as crianças se divertem. Lindo, melhor do que o pretensiosismo do Yorgos nesse posto.
zaza | Em 15 de Fevereiro de 2021.
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Fellini produz uma melancolia única, tudo é pra ele uma festa dançante e celebratória e esse filme exemplifica esse espírito mais que qualquer um. Toda a tragédia, a feiura, a sujeira, é pra ele uma beleza amor-fatalista, a vida continua, e nós rimos assistindo
zaza | Em 15 de Fevereiro de 2021.
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Como dizia Anne Carson, o erotismo existe porque certos limiares são. O desejo pautado pela impossibilidade, pela distância, proibição, toque fugidio que pulsa na direção do dedo do objeto de limerência. Poucos artistas entenderam tão bem a ciência lógica do querer quanto Wong (que o define como questão de espaço e tempo certos), um deles, Anne Carson.
zaza | Em 15 de Fevereiro de 2021.