Lupas (22)
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Drive My Car é o típico filme que merece ser assistido com calma. Assim como na leitura do roteiro pelos personagens em cena, a sequencia dos fatos é desdobrada palavra por palavra, formando frases, parágrafos e capítulos. Pouco a pouco, tomamos conhecimento de toda a trama. Da mesma forma que os atores, quanto mais nos abrimos e abraçamos os personagens (com todos os seus defeitos), melhor compreendendo seus dilemas e conflitos
Leonardo C | Em 15 de Janeiro de 2022. -
A ousadia, a criatividade, as atuações, a música, o enquadramento, as histórias sem pé nem cabeça, a excentricidade, o desconforto, a confusão, a surpresa, as chamas, o abraço emocionado, as cores fortes/o preto e branco, o Kansas, a arte, a vida e a morte - Wes Anderson se equilibra novamente entre o caos e a ordem - e como é bom assistir a isso!
Leonardo C | Em 15 de Janeiro de 2022. -
É sempre muito bom acompanhar Clint em cena, especialmente quando ele explora a sua própria vulnerabilidade, transmitindo ao público as dores e as marcas do envelhecimento enquanto fato inescapável da vida. Mas infelizmente, a atuação honesta do velho cowboy se perde na ingenuidade do roteiro (as vezes até risível), na trama repetida e repleta de clichês, além na atuação amadora de diversos atores (com exceção do galo que interpreta Macho, que deve ser uma espécie de Daniel Day-Lewis das aves).
Leonardo C | Em 09 de Janeiro de 2022. -
Sorrentino permanece filmando a beleza como poucos, suas tomadas permanecem rápidas e seu roteiro ainda é capaz de criar personagens carismáticos e excêntricos. Mas algo realmente não funciona na passagem da primeira para a segunda parte do filme. Quando este subitamente se transforma em um drama, todos os fios emaranhados na primeira parte são esquecidos. Pior ainda, fico imaginando se todas as cenas fantásticas da primeira parte não eram apenas uma distração.
Leonardo C | Em 09 de Janeiro de 2022. -
As conversas íntimas, o anel que corre o salão de baile, a persiana do quarto, a troca de olhares. São as sutilezas que fazem toda a diferença no cinema de Forman. Mesmo conhecendo o mínimo sobre a personagem principal, é impossível não abraçar a perspectiva sensível do autor e embarcar nos seus sonhos e desejos. Ao longo da carreira, Forman ainda teria muito mais para mostrar, mas poucas vezes de modo tão delicado e elegante
Leonardo C | Em 26 de Dezembro de 2021. -
O mar dançante de jovens que explode no baile marca um retrato enérgico dos anos 60 na Tchecoslováquia. Mas são as pessoas comuns com seus dilemas banais que encantam Forman. Talvez por isso seja impossível não se solidarizar com o coitado do Petr. Ele procura ser um bom funcionário, mas peca pelo excesso. Procura dançar para impressionar a garota que gosta, mas sua cintura tem o mesmo molejo do asfalto. No final, ainda acaba por decepcionar o pai, mesmo seguindo todos os seus conselhos.
Leonardo C | Em 26 de Dezembro de 2021. -
Somente Anderson consegue construir um arco narrativo crível misturando cachorros, gatos, Japão, Yoko Ono (dublando ela mesma) em um stop motion que fala sobre imigração, preconceito, autoritarismo, amizade e existência. Até onde vai a sua imaginação?
Leonardo C | Em 26 de Dezembro de 2021. -
Nem a história confusa e os cortes abruptos da edição conseguem tornar a esquisitice bizarra deste filme menos atraente. No geral, já demostra vários dos traços estéticos, que posteriormente seriam refinados, do interessante cinema de Wes Anderson
Leonardo C | Em 25 de Dezembro de 2021. -
Jane Campion entrega tudo o que prometeu, graças a combinação bem ajustada de ótimas atuações, fotografia deslumbrante (talvez uma das melhores desde Days of Heaven) e trilha sonora. A história é desenvolvida no ritmo de um metrônomo: cada coisa no seu momento, sem pressa, sem fios soltos, em um banho-maria conduzido por olhares, pequenos gestos e sugestões. O resultado geral é realmente extraordinário
Leonardo C | Em 25 de Dezembro de 2021. -
Na segunda parte desta extraordinária trilogia sobre o Chile, Guzmán deixa o Atacama e mergulha no oceano chileno. Esta segunda parte é certamente a mais densa e desconfortável dentre os três documentário, mas nem por isso menos instigante e envolvente.
Leonardo C | Em 25 de Dezembro de 2021. -
Desmentindo o tom sensacionalista que o título sugere, Gibney procura entender o que motivou Armstrong em sua jornada de sucesso e mentira. De início, elaborado para mostrar o retorno do ciclista ao Tour da França, o documentário muda de rumo com as revelações dos casos de doping e fraude, confrontando o próprio Armstrong com suas declarações. Envolvente, o documentário é muito rico em arquivos e entrevistas, ainda que Gibney oscila entre o entrevistador imparcial e o fã
Leonardo C | Em 30 de Agosto de 2020. -
De modo sensível e cativante, Guzmán conduz o publico em uma jornada que busca interseções que de imediato beiram o insólito, mas que se estabelecem com surpreendente lógica: o cálcio das estrelas e os ossos dos desaparecidos na ditadura militar chilena. A busca dos cientistas pelos grandes mistérios do universo e a jornada dos familiares pelos restos fragmentados de seus entes. O imenso infinito que os astros habitam e o árido deserto do Atacama. Um documentário forte, comovente e obrigatório
Leonardo C | Em 28 de Agosto de 2020.