Lupas (836)
-
Mistura de Bonnie & Clyde com Central do Brasil. Bogdanovich retorna ao cinema áspero em P&B de A Última Sessão de Cinema, do qual também compartilha o ambiente do inteiror de algumas décadas atrás. Porém, Lua de Papel encontra a sua singularidade no humor e na veia travessa adquirida pela garota. O'Nel, numa ótima interpretação, é um amor de menina; mal humorada, fria e desonesta. E em meio a toda essa sujeira, há também uma belíssima relação de amizade que está entre o sensível e o rude.
César Barzine | Em 20 de Junho de 2021. -
Um casamento do cinema dramático de Kazan (realismo social, relações familiares) e da comédia de Wilder (os dilemas do homem e da sociedade moderna) que discursa sobre a vida em geral, ao mesmo tempo que exprime um senso de efemeridade em sua montagem enxuta. O roteiro não mira no sujeito ideal, padrão ou herói; mas sim no fracassado que é visto como um alguém incompleto. Borgnine encarna a angústia de sua figura pública e autoimagem com devoção e fúria, expondo a humanidade daquela comédia.
César Barzine | Em 17 de Junho de 2021. -
Bem semelhante ao posterior Desafio à Corrupção. O mundo dos esportes sem glória, onde os desafios daquele boxeador estão mais no drama e na questão moral do que na competição física. Esse universo do boxe revela todo um submundo que incendeia a estabilidade daquele atleta Um drama vigoroso análogo ao que seria feito em Hollywood depois de sua era de ouro.
César Barzine | Em 17 de Junho de 2021. -
Os personagens são bem construídos, complementando um ao outro em suas diferenças: um é o sonhador alienado e o outro é o militante frio. Bonita a amizade que vai crescendo entre eles. Em paralelo a isso, há um bom trabalho de filme de gênero na questão policial, que fica melhor ainda quando Molina sai da cadeia.
César Barzine | Em 11 de Junho de 2021. -
Mistura de 7 Mulheres (o choque de um grupo de religiosas com o lado progressista da feminilidade) e Viridiana (a castidade e, posteriormente, a ruptura dela). A premissa é bem pertinente, mas faltou apresentá-la de forma mais nítida logo no inicio. Ainda assim, há um bom trabalho da autorrepressão imposta pela fé ao modo de ser feminino.
César Barzine | Em 11 de Junho de 2021. -
Versão moralista (e por isso fica ainda mais clichê) e que inverte os papéis de gênero do clássico O Fantasma Apaixonado. O maluco maconheiro, com seu humor escrachado, e o colega do protagonista são excelentes personagens e condutores do humor do filme. Apesar de ser um trabalho bem esquemático - principalmente no drama - não deixa de ser uma comédia simpática e divertidinha.
César Barzine | Em 07 de Junho de 2021. -
Filme de condução ordinária, que tenta se sustentar pela temática e o excesso. Tudo é completamente exagerado: narração onipresente e extremamente didática, muitos personagens centrais e ritmo apressado demais. O resultado é um trabalho com aspectos espremidos entre si, sem fôlego e sem soar orgânico. Longa desleixado e antipático.
César Barzine | Em 05 de Junho de 2021. -
Pega um pouco de western, noir, drama, romance e mistura tudo. É uma história carregada por ódio, amor e a questão familiar. Todos esses três elementos se sobrepõem e se entrecruzam, formando uma trama engenhosa e intensa. E em cada momento há algum duelo diante do protagonista, preso nessa diversa dualidade que o atormenta. A narrativa alienar mistura conto em 1° pessoa, lembranças vagas que depois se esclarecem e um desfecho que se passa no presente. Destaque para a fotografia.
César Barzine | Em 01 de Junho de 2021. -
Tecnicamente é um verdadeiro primor. Decupagem desleixada realçando o realismo e a hostilidade daquela ambientação áspera. Montagem e edição que costuram bem os interrogatórios com os desafios, mantendo o dinamismo. Mas no campo político e moral o filme é uma bobeira que se leva muito a sério. Cinema panfletário com visão de mundo caricata e romântica demais. Impõe o monólogo ao diálogo, o maniqueísmo à complexidade, o idealismo à observação crítica. De uma ingenuidade que morreu com os hippies.
César Barzine | Em 01 de Junho de 2021. -
Com Carrière e Oshima na ficha técnica, esse filme fica parecendo mais uma atração do Discovery Kids. Acabo na dúvida se havia realmente a tentativa de realizar algum tipo de observação crítica da burguesia ou do comportamento humano, pois neste quesito o longa é completamente oco. De qualquer forma, serve como uma matinê razoável, poderia até virar um clássico da Sessão da Tarde. Ademais, o Max é uma gracinha, e a sequência dele em cima do carro é muito boa.
César Barzine | Em 01 de Junho de 2021. -
A tensão da protagonista é suficiente para Gena Rowlands brilhar em seu mutilamento mental e espiritual, mas não é suficiente para potencializar o filme por completo. Experiência rasa, insípida e desinteressante. Cassavetes segue com o seu cinema pensado e feito nas coxas, gritando muito para não dizer nada.
César Barzine | Em 01 de Junho de 2021. -
Mistura de O Fantasma Apaixonado e O Estranho Caso de Agelica. Apresenta o transcendental como algo que deve ser naturalizado, acolhido e vivido. É o fenômeno místico que se conecta pela máxima do subjetivismo humano: o amor. Filme que parte de uma ética do desejo, que faz até mesmo do sobrenatural um elemento convidativo e orgânico a vontade do amor.
César Barzine | Em 01 de Junho de 2021.