Lupas (836)
-
Ótima mistura de drama social e thriller investigativo em que este segundo vai se sobrepondo ao primeiro, chegando a desencadear uma resolução dinâmica e mirabolante. A direção realiza um belo trabalho em sua atmosfera árida e seca que arquiteta perfeitamente o ambiente provinciano do interior sulista dos EUA. Destaque também para as relações asfixiantes de Poitier com os policiais brancos, principalmente o gordo de óculos.
César Barzine | Em 07 de Outubro de 2022.
-
Um Samuel Fuller em CinemaScope e numa terra japonesa, isso sem cair na caricatura do estrangeirismo e sem abandonar a trama típica de um thriller americano.
César Barzine | Em 22 de Julho de 2022.
-
Há grandes problemas no desenvolvimento da narrativa, sabotada por saltos de continuidade, provavelmente devido à montagem. Já o roteiro é amplo em seu corpo social ao retratar o cenário tendencioso à revolução: há a autoridade distante das massas, o político prudente e conciliador que é traído, as massas revoltadas, o grande líder revolucionário, a classe média elitista e o poder militar tirânico. Nem parece uma obra do anticomunista Kazan.
César Barzine | Em 22 de Julho de 2022.
-
Dividido em duas metades, ambas potentes. A primeira traz toda a energia de seu imenso sucesso, onde somos cativados pela persona do artista. A segunda, reveladora e obscura, faz algo que geralmente só a ficção faz: submeter o público a uma trama cheia de intrigas e dualidades, apresentando as diversas facetas de um mesmo fato de modo imersivo e trágico. Apesar de esteticamente despretensioso, não deixa de ser uma obra carregada de sensibilidade e que fere o coração.
César Barzine | Em 12 de Setembro de 2021.
-
O tom cartunesco é tosco demais para deixar de ser irritante, o que já compromete o restante do filme. O roteiro até tem uma premissa intrigante que desperta a curiosidade, mas o tom meio lúdico que o visual, as interpretações e muitas situações impõem ofuscam completamente o longa. No final das contas fica parecendo mais uma sátira de Quem Tem Medo de Virginia Woolf?.
César Barzine | Em 11 de Setembro de 2021.
-
Pega muito dos clichês que esteriotipam o nosso cinema: pobreza, ignorância popular, sexo, política e a tentativa de soar subversivo. Essa fórmula nem chega a incomodar tanto aqui, mas reafirma o vazio do filme ao não oferecer nada além da reutilização desses mesmos artifícios sob um contexto histórico, que é mal ambientalizado e utilizado.
César Barzine | Em 08 de Setembro de 2021.
-
Cinema moderno na forma de melodrama teatral. O romantismo, através do realismo social à lá Douglas Sirk, se choca com a brutalidade de uma tragédia psicológica. Os personagens gritam, choram e sorriem diante de um discurso que está além da mera pauta identitária; é a individualidade deles numa condição íntima. Antes de ser um filme sobre ser negro, é uma obra sobre família, sobre a busca da harmonia entre a consciência racial e os valores conservadores.
César Barzine | Em 05 de Setembro de 2021.
-
Filme sobre o quão áspero pode ser a vida de alguém medíocre no interior de um país de terceiro mundo. Mas não possui nada além do que essa visão deprimida. Aliás, o convívio naquele ambiente é tão ordinário que chega a causar um incômodo ao espectador - para o bem e para o mal em sua fruição estética.
César Barzine | Em 04 de Setembro de 2021.
-
Uma vitamina de elementos que respiram o nordeste/Brasil: regionalismo, folclore, misticismo, senso de comunidade, catolicismo e malandragem. Tudo isso sob um olhar desengonçado e caricato que é cômico até o talo. Só peca (com perdão pelo trocadilho) na sequência do purgatório.
César Barzine | Em 04 de Setembro de 2021.
-
Comédia romântica simpática, como é de costume no cinema americano da época. Stanwyck está divina como mulher maliciosa e apaixonada ao mesmo tempo. Fonda também possui um bom timing como homem ingênuo e excêntrico. O grande problema do filme está na queda a partir da segunda metade e o desfecho enxuto e inverossímil. Faltou mais coragem.
César Barzine | Em 24 de Agosto de 2021.
-
Espetáculo à lá Cassavetes de lavação de roupa suja permeado de excentricidades - seja em seus momentos calmos ou eufóricos. Poderia até chamá-lo de um Casos de Família da classe alta se não fosse a sofistificação imprimida - embora o filme e os personagens sejam todos desengonçados.
César Barzine | Em 24 de Agosto de 2021.
-
Uma obra que tinha potencial, mas que se perde numa abordagem acadêmica e obscura demais. O discurso do filme, sobre as dimensões do olhar geográfico-histórico, é frio e constrói um mundo cinzento, mantendo o filme através de longas falas que o deixa ainda mais burocrático.
César Barzine | Em 19 de Agosto de 2021.