Lupas (70)

Atormentado pelos erros do passado, o herói de Mann se vê em situações-limite que colocam à prova seu senso de justiça e solidariedade. Uma narrativa de redenção, Bend of the River é, também, um excelente retrato da construção dos ideais de uma nação.

Bobinho, formulaico, anódino. A direção é abaixo da média, a montagem é uma montanha russa que não dá espaço para qualquer contemplação e o roteiro está cheio de clichês constrangedores. O travelling na hora do beijo me causou náuseas.

Affleck conduz a narrativa com notável fluidez, economia e clareza, equilibrando bem o drama, a política e a natureza absurda da operação "Argo". Tropeça, porém, na dramatização exagerada e nos clichês: o protagonista é o arquétipo do herói americano.

As grandes atuações e o roteiro detalhista, que constrói um político moralmente multifacetado, ao mesmo tempo frágil e tenaz, não são suficientes para tornar Lincoln uma obra memorável. Williams constrange e Spielberg erra grosseiramente no último ato

Tenso, divertido e romântico, "O Tesouro do Barba Ruiva" é uma aventura que exala elegância e bom gosto. Refletindo sobre a descoberta e o amadurecimento, rivaliza com os grandes clássicos da sessão da tarde.

Nenhum cidadão merece morrer por seu país. Não há patriotismo que suplante os sonhos, as ambições e a vida de cada homem. O horror e a insensatez da guerra filmados com poesia, realismo e sensacionais movimentos de câmera. É o que se chama de obra-prima.

A desestruturação familiar, a cultura patriarcal e a educação rígida e autoritária explicam, segundo Haneke, do ponto de vista psicológico e moral, as razões que levaram uma geração de alemães a abraçar o nazismo. Tematicamente e tecnicamente grandioso.

A compulsão manipulatória de Haneke, que brinca de maneira pouco sutil com o horizonte de expectativas do público, retira a força de algumas cenas. Não obstante, "Violência Gratuita" permanece psicologicamente denso e emocionalmente exigente.

A premissa de que a TV provoca apenas efeitos maléficos e torna os seres humanos máquinas programáveis, sem discernimento e poder de escolha, é ultrapassada mesmo para a década de 80. Apesar da pretensão, Videodrome é bobinho demais.

Duas coisas incomodam em "O Homem da Máfia": a verborragia sem propósito e as excessivas - e exageradas - referências à crise econômica e às eleições de 2008. Todo o resto, porém, merece aplausos.

Sordidez, obscenidade e escatologia elevadas à última potência ou onde os fracos não têm vez.

Confirma a regra de que os melhores filmes dispensam a verborragia. Tenso, cru e violento, Drive poderia ser um pouco melhor pilotado se não exagerasse no uso da câmera lenta - e se a trilha sonora fosse menos cafona e inadequada.