Diante de um planeta com mais de 6 bilhões de pessoas, que enfrenta graves problemas ambientais e necessidades humanas todos os dias, tudo o que se faz parece insignificante. Faça o que for, o mundo vai continuar sendo o mesmo de qualquer jeito, e a vida não vai parar pra nada. Mas, assim como vemos no filme, é muito importante que você faça. Porque, talvez, é o que ninguém mais fará.
Em “Lembranças”, conhecemos Tyler Roth (Robert Pattison), um adolescente angustiado que culpa seu pai (Pierce Brosnan) pelo suicídio do seu irmão. Tyler acredita que ninguém no mundo poderia entender a dor que ele sente até o dia em que conhece Ally (Emilie de Ravin), garota que com apenas 11 anos presenciou o assassinato de sua mãe. Juntos, os dois acabam se apaixonando, e tentam, por meio do amor, superar suas perdas e suas angústias.
Robert Pattison, ator odiado e ao mesmo tempo idolatrado pelo seu papel na saga Crepúsculo, é o que mais causa preconceito em relação a este filme, sendo que muitas pessoas só não assistem ao filme por causa dele. Acho isto uma grande injustiça porque, na saga vampiresca, a culpa é do seu papel, não de sua atuação. E, como o ator ainda era meio iniciante, não tinha como ele fazer uma “super-interpretação” para se salvar, ou algo do tipo.
Falo isso porque, neste filme, pelo menos em minha opinião, Pattison atuou bem. Nada espetacular, mas ele conseguiu cumprir bem o seu papel. Emilie de Raiven é outra que fez um bom trabalho, e a química de Robert com ela funcionou de maneira excelente, e ouso dizer que ficou muito mais verossímil do que com a Kristen Stewart, seu par na saga Crepúsculo.
Os atores coadjuvantes também não decepcionam. Aqui, contamos com alguns veteranos, como Pierce Brosnan e o oscarizado Chris Cooper, ambos com papel de pai. A atriz mirim Ruby Jerins, apesar de parecer superficial em alguns momentos, não está nada mal para uma iniciante.
O filme conta com um drama melancólico, porém um pouco exagerado, que por causa disso chegou a soar meio forçado em alguns momentos. Contudo, contém uma boa história, tendo o final como o seu maior ponto forte.
Ah, o final! Normalmente, filmes sobre o “11 de Setembro” mostram o atentado depois que já aconteceu, trazendo mensagens como superação, coragem e às vezes até um pouco de patriotismo. Porém, neste filme, vemos o atentado sob uma ótica totalmente inédita e diferente. Acompanhamos a vida do protagonista, a história caminhando normal, tudo se desenvolvendo, até que, de repente, ocorre o atentado, de maneira totalmente inesperada. Tem uma cena no restaurante, quase no meio do filme, em que a Ally fala pro Tyler que prefere comer a sobremesa, primeiro, pois se “algo acontecer” a ela, ela quer morrer fazendo (ou, nesse caso, comendo) aquilo que mais gosta. E, com o final, o filme deixou essa mensagem mais do que clara. Repare que a vida de Tyler estava melhorando, que ele tinha conseguido o que mais queria – que era unir sua família novamente, e quando tudo estava dando certo, ele aparece no escritório do seu pai no World Trade Center... na hora errada. O que quero mostrar é a reflexão que o filme nos traz. Afinal, como podemos garantir que ficaremos vivos antes de fazer aquilo que mais queremos? Como podemos ter certeza que não estaremos no lugar errado, na hora errada? Essas coisas ocorrem de maneira imprevista e, se deixarmos aquilo que mais queremos para depois... Talvez nós não possamos mais fazê-lo.
Falando agora sobre um ponto fraco do filme, acho que deviam trabalhar melhor na história da Ally. Afinal, o filme começa com o assassinato de sua mãe, mas logo o foco é totalmente desviado para a história de Tyler, atrapalhando um pouco a profundidade nas histórias de ambos. O certo seria que as duas histórias fossem bem aprofundadas, mas como isto seria algo mais complexo, ainda mais para o diretor e para o roteirista do filme, que ainda são novatos na carreira cinematográfica, talvez o ideal fosse aprofundar melhor somente a história de Tyler. Talvez o ideal fosse o filme começar com a morte do Michael, por exemplo. Isso porque, pelo menos em minha opinião, é melhor um personagem perfeitamente bem trabalhado do que dois aprofundados de maneira mediana.
Enfim, contando ainda com trilha sonora e fotografia razoáveis, “Lembranças” não é um filme perfeito, mas vale a pena conferir, principalmente pelo final, que também traz à tona um raciocínio sobre um dos pensamentos de Gandhi. Assistam sem preconceitos.
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