Subestimado pela grande maioria, o sombrio Justiceiro ganhou mais uma adaptação para as telonas – a terceira, dessa vez. Apesar de não ser um filme perfeito e cair em certas armadilhas, é o que mais se aproximou do personagem das HQ’s, e mostra o ódio e a amargura do anti-herói de maneira jamais vista no cinema.
Em “Punisher – War Zone”, a história se concentra em um momento crucial na vida do Justiceiro, vivido por Ray Stevenson, na qual ele enfrenta uma crise interna, ao mesmo tempo em que, durante sua cruzada por justiça, deixa o mafioso Billy Russoti (Dominic West) terrivelmente desfigurado, e inflama o desejo deste por vingança.
Um dos grandes acertos do filme está justamente no roteiro, por não focar a origem do Justiceiro. Afinal, ainda que nenhum dos filmes anteriores tenham contado corretamente a origem do anti-herói, ficaria cansativo assistir a um terceiro longa do personagem com a mesma história. De qualquer maneira, para os mais curiosos, ainda há uma cena nesse aqui com um breve relato do massacre na qual a família de Frank Castle foi vítima. Relato este que dura menos do que um minuto, e vale mais do que os dois filmes anteriores.
É necessário dizer que este é único longa que conseguiu captar a essência do Justiceiro dos quadrinhos. Aqui, sentimos a perturbação, a melancolia, o ódio insaciável de Frank Castle contra o mundo do crime. Sem falar dos aspectos físicos, na qual a escolha de Ray Stevenson para interpretar o protagonista foi mais do que acertada, pois este é visualmente idêntico ao anti-herói das HQ’s.
Acho que a única exceção que eu abro para os aspectos visuais é o uniforme. Pode parecer estranho, mas a caveira está muito escura no filme, diferente da caveira chamativa que vemos nos quadrinhos. Para quem não sabe, o símbolo de uma caveira no peito do Justiceiro serve como proteção, pois tem como única finalidade atrair atenção para si. É nela que os bandidos têm o primeiro impulso de mirar e atirar, acertando, portanto, apenas o colete de Castle, e não a sua cabeça. Fica incoerente, portanto, ele usar uma caveira tão pequena e escura, quanto vemos nessa película.
Outro defeito do filme, que sem dúvidas é o mais gritante, é o modo como ele foi dirigido. Lexi Alexander, o diretor do filme, mostra-se bastante inexperiente, pois além de cair em algumas armadilhas do gênero, ainda não soube conduzir muito bem as cenas de luta. O Justiceiro nesse filme não parece ter habilidades de um ex-militar treinado. Há cenas cujos golpes são tão forçados que dá a impressão que os atores estão apenas ensaiando, e não gravando o filme de fato.
É visível que faltou dinheiro à produção, ainda mais nas cenas de sangue e tiroteio, que, salvo boas exceções, mostram-se “trash”, com efeitos grotescos. Certas cenas de ação ficaram tão mal filmadas que não teve como soarem inverossímeis.
Sem falar do Retalho, que poderia ser muito melhor trabalhado, visto que é um dos maiores vilões do Justiceiro, senão o maior. Nesse filme ele beira o infantil em diversos momentos, deixando sua aparição vergonhosa.
Todavia, as atuações, no geral, estão satisfatórias – nada fantástico ou fora do normal, mas a maioria cumpriu bem o seu papel. O destaque, com certeza, vai para Ray Stevenson, pois, em seu primeiro papel como protagonista, conseguiu surpreender e mostrar bom desempenho como iniciante.
Logo, apesar de suas boas qualidades, o filme ainda está longe de ser perfeito – ou, no mínimo, inesquecível. O que falta é Hollywood parar de refilmar filmes de heróis que já ficaram bons, e focar aqueles que parecem “abandonados”, como é o caso do Justiceiro. Afinal, ainda há esperanças que um diretor competente venha resgatar o anti-herói do fundo do poço, como Christopher Nolan fez com Batman. Só assim os fãs vão poder se aliviar, e todos vão poder conferir um filme realmente digno do sanguinário exército de um homem só.
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