“Busca Implacável” é um daqueles filmes que tinha de tudo para ser ruim. Mas Pierre Morel conseguiu dirigi-lo de maneira ágil e experiente, tornando este um dos filmes mais divertidos de 2008.
A história envolve Bryan (Liam Neeson), um espião da CIA aposentado cuja filha (Maggie Grace) deseja viajar para Paris contra sua vontade. No final das contas, ele decide deixá-la ir e as coisas se complicam quando o ex-agente recebe uma desesperada ligação da garota dizendo que sua amiga foi sequestrada e que o mesmo está para acontecer com ela. Bryan, então, terá que contar com suas velhas habilidades para salvar sua filha antes que a mesma seja entregue ao tráfico de mulheres.
Apesar do roteiro nem tão original, o que mais salvou o filme, em minha humilde opinião, foi o ator Liam Neeson. Podem apostar que se tivessem chamado Steven Seagal, Van-Damme ou qualquer outro ator canastrão para o papel principal, o filme não seria metade do que é. Mas com Neeson a coisa ficou diferente. Ele é um ator carismático, talentoso e convincente. Achei interessante que, por não ter muita experiência com filmes de ação, o ator fez um treinamento de armas e golpes com Mick Gould, soldado da Força Especial Aérea, para poder se preparar para o filme. E isso só ajudou a transformar seu personagem em um dos maiores heróis de ação da década. A busca de Bryan pela filha sequestrada mostra um herói totalmente feroz e violento, capaz de qualquer coisa para tê-la de volta. E é difícil não torcer por ele, quando, ao longo do filme, vemos o que acontece com a maioria das garotas sequestradas.
O filme também é um alerta tanto aos jovens quanto aos pais sobre as armadilhas do mundo afora. Às vezes o jovem quer viajar, passar as férias com os amigos, “curtir a vida”. E, quando os pais não permitem, o jovem briga, chora e teima porque quer ir. Mas os pais não fazem isso porque querem controlar a vida dos filhos, e sim porque querem protegê-los. Eles sabem o risco que seus filhos estão correndo e sabem que, se acontecer o pior, as chances de salvá-los é quase nula. Isso porque nem todos os pais são iguais ao do filme, ou seja, cheio de habilidades de luta e artimanhas de espionagem. Isso só tem no filme porque seu foco é a ação, e para isso tem que ter ação.
Aliás, a ação do filme foi outra coisa que me agradou muito. Apesar da semelhança com a trilogia Bourne, elas são divertidas, frenéticas e bem trabalhadas, conseguindo fugir da maioria dos clichês e das armadilhas do gênero e, com isso, se tornar um dos melhores filmes de ação de 2008.
Mas ainda assim tiveram alguns erros e clichês do gênero que o filme não conseguiu escapar. Acho que o pior deles é a extrema falta de pontaria dos vilões, que não atingem uma bala sequer no protagonista. Outro erro é que, pelo visto, a polícia francesa deve ser pior que a brasileira, já que não aparece ninguém mesmo quando nosso herói provoca um acidente na rodovia do aeroporto, quando faz uma verdadeira matança num bordel clandestino ou até mesmo quando praticamente destrói uma obra de um edifício.
Apesar de tudo isso, “Busca Implacável” conta com uma ação eletrizante do início ao fim, uma fotografia impecável e um retrato do submundo de Paris que poucos filmes tem coragem de mostrar. A história, sem dúvidas, poderia ter ficado melhor, mas é uma boa pedida para quem procura diversão.
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