Logo no início do filme, já é possível traçar um perfil de Jordan Belfort, muito bem representado por Leonardo DiCaprio, que foi indicado para o Oscar (e creio que consiga) de melhor ator. Sem correria, os diálogos são desenvolvidos, sempre com muito humor. Senti uma pitada de "American Pie" com uma dose de "Homem de Ferro 2". Para acompanhar esse filme com atenção é preciso um pouco de paciência, pois algumas cenas são longas e desnecessárias, assim como as do filme "Trapaça". Afinal, são 180 minutos, mas até que o mix de passagens faz com que não demorem tanto assim para passar. Alguns, poderiam dizer que tenho um certo preconceito com filmes longos, mas cito um, com igual duração, que julguei sendo excelente: "Dogville". Tempo é relativo.
Voltando ao filme inspirado na autobiografia do personagem principal, é preciso dividir a obra em três partes para uma melhor análise: ascensão, estagnação e regressão. A primeira parte é a mais interessante. Novato no ramo de capitais, Jordan recebe conselhos e forma amizades que possam favorecê-lo na busca pelo sucesso financeiro. No início, quando assume a função de corretor numa empresa e, quase que instantaneamente, é cuspido para fora novamente, não está ciente de seu potencial. Começa a procurar empregos como estoquista ou vendedor de lojas. Porém, recebe de sua esposa o argumento de que aquilo não era necessário, pois havia um anúncio no jornal de procura por corretores. Jordan, interessado, vai até o local e consegue o cargo, o qual possuía uma grande diferença entre sua posição anterior: a comissão era de 50% e não apenas 1%. Esse foi o principal fator para que Jordan percebesse o quanto poderia fazer para sair das ruínas e ser um homem poderoso. Consegue dinheiro, mulheres para sexo, uma nova esposa, drogas e tudo mais que desejava.
Um ponto interessante é a preocupação dos roteiristas em detalhar as situações e, atribuo (positivamente) um peso grande na nota final devido a isso. Demonstram passo a passo como tudo foi feito. O processo de abertura da companhia, os termos técnicos, os órgãos reguladores, os documentos que foram precisos, entre outros. Principalmente, para quem não entende nada de finanças, é possível absorver muitas informações que, de fato, estão presentes nesse ramo. O caráter estressante da rotina da bolsa de valores também é bem fixado. Para combater esse estrasse, Jordan é aconselhado a usar pílulas, drogas e também a praticar masturbação com frequência. De fato, isso se incorpora à vida dele.
A segunda parte é quando os negócios começam a dar errado. Obviamente, os altos valores arrecadados chamaram a atenção do FBI, que passa a investigá-los. A entrada da agência no enredo é misteriosa, não ficou muito claro o que a motivou. A partir desse momento, as autoridades americanas já desempenham seu papel com eficiência, como de praxe. A trilha sonora usada na sequência é muito interessante. Aliás, a parte técnica, de modo geral, foi muito boa.
A última sequência traz o cenário fundamental em que tudo de negativo ocorre para Jordan e as autoridades conseguem combater a corrupção. Jordan enfrenta uma tempestade em alto mar, perde dinheiro na Suíça, é intimado e, posteriormente, obrigado a colaborar com as investigações do FBI para que tenha uma pena reduzida. Particularmente, o desfecho da história não me agradou muito, pois foi clichê. Em suma, a obra é rica de detalhes, o que faz toda a diferença. Martin Scorsese soube explorar ao máximo o elenco e isso pode trazer várias estatuetas ao longa.
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