Coringa: Delírio a Dois traz maior complexidade a um personagem muito revisitado, ao se focar no que passa em sua mente. Esta opção faz sentido porque a gente pode reagir melhor quando conhece as coisas. É muito fácil taxar que é do mal e perigoso. Mas, justo porque faz mal à sociedade, é preciso saber as nuances. Essa reflexão encontra eco na vida real. Às vezes você tem uma pessoa que fala o que a outra quer ouvir e mesmo que a fala dela seja uma aberração, ela consegue cooptar a outra pessoa para ela.
Este segundo filme corrige as más interpretações sobre a obra original. Afinal, houve visões que colocaram o personagem como uma espécie de mártir e heroi. E não como alguém com saúde mental frágil que precisava de cuidados e teve esse suporte negado pela sociedade. O filme tem discussões bem legais a trazer sobre essa cultura do espetáculo e dos discursos de ódio e o quanto algumas pessoas parecem se alimentar disso. Ele aborda esse aspecto das relações humanas de uma maneira muito interessante. E, sobretudo, mostra como é mergulhar na mente de uma pessoa que não tem as reações mentais que a sociedade padronizou como saudáveis.
Em sua inserção na narrativa, a personagem Harlry Quinn entra em sentimentos camuflados e tem poucos momentos em cena, podendo ser melhor aproveitada. Porém, Lady Gaga converte esse papel feminino que poderia passar batido em uma caracterização instigante e intrigante. Ainda assim, é lamentável que o diretor Todd Phillips não tenha se aprofundado mais nas possibilidades musicais da narrativa.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário