Após o enorme sucesso do premiado BATMAN, de 1989, uma continuação tornou-se não só óbvia, como também obrigatória.
Já acertaram com a estratégia pra chamar a atenção do público para a franquia: a WB produziu o desenho BATMAN THE ANIMATED SERIES, que revolucionou as adaptações de quadrinhos para cartoons.
E assim, Tim Burton volta para seu segundo filme do Homem Morcego. Segundo o próprio, que não é de fazer continuações, ele só voltou com a condição de poder ser mais ELE nas filmagens; ele queria mais liberdade para impôr seu próprio estilo no filme e, se tivesse isso, voltaria.
A WB lhe deu essa liberdade e assim nasceu o filme mais sombrio já feito do Homem Morcego.
Burton usou de seu estilo gótico em tudo. O visual, o roteiro, a trilha de Elfman... o resultado foi um filme muito mais violento, perturbador e sinistro que o de 89.
O roteiro também tem uma grande diferença em relação ao filme anterior. Enquanto no primeiro BATMAN tínhamos um duelo Batman VS Coringa durante o filme inteiro, em Returns nós temos vários "duelos", muito mais vilões e subtramas.
A impressaõ que se tem é de se estar realmente em uma cidade perdida nas trevas da loucura e criminalidade. Você não pode confiar em ninguém. Os vilões matam-se e ajudam-se e o herói não parece muito mais equilibrado que eles, pelo contrário...
O perturbado Batman de Keaton, apesar de ser o que menos aparece entre os personagens principais, é mais aprofundado aqui do que no primeiro filme. Ele é o suposto herói, o vigilante da cidade, ele vem quando chamam-no, mas seus métodos saõ violentos e reprováveis.
Ele se envolve, então, com uma secretária chamada Selina Kyle. Selina, aparentemente "normal", acaba descobrindo mais do que devia sobre seu chefe e quase é morta.
O incidente a enlouquece. A estranha cena em que ela é lambida por gatos até acordar é perturbadora. E aí começa a incrível atuação de Michelle Pfeiffer como Mulher-Gato.
Saltando, lutanto, miando, explodindo coisas, ela rouba todas as cenas em que aparece. Ela fez o impossível: ela transformou uma personagem de quadrinhos que já era boa em algo muito melhor.
Enquanto isso, temos a trágica figura singular do Pinguim de Danny DeVito, e sua aparente busca por família e identidade. Neste aqui o nome TIM BURTON está escrito na testa.
Ele não é o elegante mafioso que dirige cassinos e clubes noturnos, como o personagem dos quadrinhos. Ele é uma aberração, um homem que foi abandonado ainda criança, por ser diferente, e teve que crescer num circo, sendo chamado de O Incrível Garoto Pinguim, ou coisa assim.
Novamente, Burton escolheu o ator favorito para o papel do "vilão-mor". Apesar de não muito elogiada, a empolgada atuação de DeVito convence, tanto que até hoje influencia as novas versões do personagem para cartoons...
E, enquanto os mamíferos e aves degladiam-se, temos um vilão muito realista, muito humano, por trás de tudo. Manipulando a opinião pública, manipulando o Pinguim, visto como O Pai da cidade, Max Shreck (feito por Christopher Walken, que não poderia deixar de se sair impecável em mais um vilão) revela-se um vilão tão memorável quanto os que nasceram nos quadrinhos.
No filme, o maligno empresário faz de tudo;um plano genial para roubar energia da cidade, cria a Mulher-Gato, manipula o Pinguim, desacredita o prefeito, mata...
Mas, no fim do filme, ele sacrifica-se por seu filho. Mostrando-se um vilão muito humano, apesar de tudo.
Ficam excluídos de toda essa loucura apenas o irônico e conselheiro Alfred de Michael Gough, que repete seu personagem aqui, em uma participação maior e mais divertida, e o Comissário Gordon de Pat Hingle, que, apesar de interpretado corretamente, aparece menos ainda do que no filme anterior.
O resultado final de Batman Returns foi uma sequencia tão boa quanto o filme anterior.
Infelizmente, com o nível de violencia e "goticismo" maior ainda do que no primeiro filme, ele não agradou o público alvo da WB: as crianças (e seus pais).
Com isso, a WB achou certo que Tim Burton saísse da franquia. Afinal, as crianças é que deviam ser agradadas, eles tinham até feito o desenho para chamar-lhes a atenção sobre o filme... Que criança ficaria feliz em ir ver um filme onde um vilão vomita gosma preta antes de cair morto, ou onde outro vilão torra e seu cadáver é exposto? Ou com palhaços matando pessoas com penas e rindo na cara dos cadáveres? As crianças não queriam isso.
Por esses motivos, Tim Burton foi chutado da franquia. Por dar aos fãs do verdadeiro Batman o que eles queriam.
E a WB resolveu, então, contratar um diretor que se comprometesse a NÃO ESQUECER das criancinhas. Foi o que eles fizeram. E arranjaram um perfeito.
O nobre Joel Shumacher fez corretamente o que lhe foi pedido, de fato, e destruiu a imagem séria e sombria do Batman, que Tim Burton havia resgatado de volta com muito esforço...
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