“Meninos não podem brincar de boneca!”
É sabido que a homofobia é algo arraigado no nosso sistema de criação. Fui criado por minha avó e mãe. Meu pai se fez ausente em minha infância. Mas havia os tios.... Esse filme é uma doce crítica a sociedade hipócrita que insiste em não aceitar o diferente (será tão diferente assim?). Howard Brackett é um professor de Literatura em uma pequena cidade em Indiana. Ele é apreciado por seus alunos e pares, devido a paixão que demonstra em sua profissão. Noivo de uma garota a 3 anos ele se planeja casar em breve. Na noite da cerimônia do oscar a cidade inteira acompanha o espetáculo, já que um antigo aluno (Cameron Drake) está concorrendo a estatueta por sua performance como um soldado gay. Seus concorrentes diretos são indivíduos que figuram como figuras rudes e heterossexuais indiscutíveis: Clint Eastwood por “O Decrépito” e Michael Douglas por “Ligações Primitivas. Todos anunciados por Glenn Close. O Cinema brinca com ele mesmo. No final quem ganha é Drake. Nos agradecimentos ao prêmio alcançado ele o dedica a seu antigo professor e sua homossexualidade que o inspirou na criação do personagem. O efeito é bombástico na cidade interiorana: os moradores ficam surpresos e Howard entre eles. Ele nega logo tal afirmação.
Gente que roteiro bacana e divertido. E tão profundo ao mesmo tempo. Alguém certa vez afirmou: “Há pessoas que jamais seriam amorosas se não tivessem ouvido falar do amor”. Tem tudo a ver com o filme. Alguém só descobre o que é, quando lhe é permitido perceber o que é.
Trazendo para as telas interpretações convincentes, sobretudo Selleck e Kline o filme diverte.
Antes o professor apreciava ciclismo, Shakespeare e Barbra Streisand e ninguém falava nada. Agora que a dúvida paira no ar, tudo passar a ser ... suspeito!!!! Quanta hipocrisia. E mesmo os mais hipócritas assistem o filme e tudo parecem aceitar. É comédia, cinema, fantasia.... Agora se fosse na vida real. Digamos que Brackett usasse por insistência de um candidato a máscara desse durante a campanha na pequena cidade. Após a revelação isso soaria como algo não permitido. Cidade puritana, seres intransigentes. No filme tudo termina de maneira satisfatória e Howard pode sair do armário. Já em qualquer espaço público, mesmo virtual, ele seria vítima de ciladas até ser banido.
Frank Oz conduziu um filme subversivo e cutucou o vespeiro da intolerância. Sobretudo graças a um roteiro que torna o que seria motivo de escândalo em algo natural. Brackett sai do armário e a vida de todos permanecerá a mesma. Não seria bacana se sempre fosse assim? Não é necessário calar a voz de ninguém, e nem banir o diferente. Há espaço para todos. Ouviu pessoal hipócrita?
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário