Esse filme é uma verdadeira bomba. Eu me entediei logo nos primeiros 15 minutos e tal sensação permaneceu até o fim da projeção. Li que houve escolhas audaciosas? Escolhas? Vi apenas uma. A idéia do cenário despojado, como no teatro moderno. Isso é uma piada. Tal modernidade chegaria ao cinema com pelo menos uns 40 anos de atraso. Sabemos que teatro filmado se revela uma catástrofe na tela. Os atores nos passam o tempo todo aquela sensação que estão interpretando. Disseram que a atriz principal evitou cair na armadilha. Onde?
O problema do filme, no entanto é mais embaixo... Já que a escolha audaciosa é somente uma. Agora imaginemos o filme em um cenário real como as premissas do ensaio mostraram. O filme teria sido diferente? Menos ainda. A idéia do inicio teria podido servir mais profundamente o filme que se contentar de nos impor um cenário cuja única função foi nos dar uma sensação de confinamento e de nos conduzir a uma dualidade noite/dia ridícula. Eu falo mesmo da imagem artificial que esse cenário evoca. Para mim a idéia colocada no filme nega a idéia mesmo de cinema que seria uma arte de uma maior verossimilhança que o teatro. Querer retomar os primórdios é absurdo e estúpido.
Falemos do roteiro. Critica os valores morais. Ora... Tal é feito com esmero desde meados do século XVIII pela literatura. Um tema recorrente e utilizado a exaustão. Se fosse para acrescentar algo ao tema tudo bem. Ou pelo menos retomá-lo com algum talento. Se não era preferível que Lars se recolhesse e dormisse.Teria sido mais produtivo tentar sonhar.
O combate entre o bem e o mal é maniqueísta. A heroína parece a encarnação de uma santa. Tudo aceita. Os demais são todos maus. Exceto o pseudo filósofo que formula questionamentos com o objetivo único de permanecer em um mundo irreal e recusar a realidade.
A maneira de filma de Lars é de uma nulidade. Ele encadeia longos planos sobre Nicole Kidman que é ao menos bela. Mas tal recurso é repetido de forma insistente que acaba por causar náuseas. Lembre-se que o filme dura quase três horas.
Bom basta. Eu até gostei do que ele realizou em “Os Idiotas”. Ele, no entanto não se reciclou. Parece que ficou só no ensaio. Suas idéias envelheceram. Ele ainda realizou duas continuações semelhantes para essa obra. Eu a chamaria de trilogia sobre o esgotamento de um cineasta.
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