O diretor britânico Christopher Nolan é um dos nomes mais importantes do cinema contemporâneo.
O trabalho de Nolan começou a ganhar destaque a partir do filme “Amnésia” produzido em 2000 que corresponde a uma obra intrincada fundamentada numa complexa narrativa culminando numa película que agradou público e crítica.
A trajetória de Nolan no cinema passou a ganhar força com “Batman – Begins” de 2005 e o “Grande Truque” de 2006, mas sua carreira decolou definitivamente com o sombrio e anárquico “Batman – O Cavaleiro das Trevas” de 2008.
Agora com o impressionante “A Origem” de 2010 o cineasta inglês produz sua obra-prima e concebe uma raridade para a Sétima Arte produzindo um filme arrebatador visualmente, um primor de som e imagens causando no espectador incrível assombro, delírio e deleite.
Tecnicamente a obra cinematográfica dirigida por Nolan jorra em criatividade na construção dos cenários, na produção dos efeitos, esbanjando versatilidade na montagem, na continuidade das cenas, nos enquadramentos e movimentos de câmera.
O que faz da “A Origem” uma obra digna de tanto alarde e louvores? São os sonhos! E sonhos alinhavados por uma magnífica engenhosidade de “roubar” idéias através dos sonhos que logo se transforma numa concepção ainda mais intrigante e espantosa: plantar uma idéia na mente de outrem através da invasão dos sonhos.
Tudo é tremendamente intrincado, estimulante e bastante inovador em “A Origem” por mais que alguns o comparem ao incrível “Matrix” produzido em 1999 pelos irmãos Lana Wachowski e Andy Wachowski.
No entanto me parece que somente dois pontos tem correspondência em ambos os filmes: primeiro, a premissa argumentativa sobre a percepção do real; e segundo Matrix imprimiu sua marca na telona no final da década de 90 oferecendo um banquete de efeitos visuais inovadores e um roteiro de cunho filosófico existencialista, já “A Origem” tornou-se a pérola cinematográfica do final da década de 2000 delineado por um roteiro repleto de originalidade com pressuposto argumentativo com viés psicanalítico, efeitos sonoros soberbamente estimulantes e efeitos visuais que encantam e entorpecem as retinas mais céticas e fadigadas.
A obra que Nolan teceu habilmente é repleta de ousadia rompendo com os rótulos e os convencionalismos circunscrevendo sua autenticidade artística e já mais se limitando a recorrer a uma mera cópia de elementos e argumentos que remetem ao filme Matrix.
“A Origem” é uma epopéia onírica arrebatadora composta por um incrível e fecundo cenário de simbolismos (fortaleza, labirinto, cata-vento etc.), sutilezas afetivas e elementos trágicos e dramáticos (culpa e catarse) onde imaginação (sonhos/projeções) e memórias (lembranças reais) se fundem e confundem em dois processos psíquicos inseparáveis desembocando numa dúbia percepção entre o que é sonho e o que é real.
A obra realizada por Christopher Nolan faz jus aos elogios, aplausos e exageros (e com méritos) porque o efeito de tanto perfeccionismo e sofisticação envolve o público num profundo transe permeado por excitação, espanto e êxtase.
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