"Homo homini lupus", o homem é o lobo do homem; "Bellum omnium contra omnes", é a guerra de todos contra todos.
Com essas frases célebres o filósofo Thomas Hobes, na obra "O Leviatã", analisou o homem em sua origem, antes da criação do Estado, da polícia e dos demais meios de repressão. Chegou à conclusão de que o ser humano, em seu estado natural, vive em constante competição, desprovido de sentimentos acerca do que é "certo" ou "errado", "moral" ou "imoral" utilizando todos os meios necessários para viabilizar a sua sobriveivência individual, ainda que em detrimento de outros. Na obra cinematográfica em análise, nos deparamos com meninos em seu estado natural, em condições similares àquelas descritas pelo filósofo inglês.
O filme é um daqueles que causam fortes emoções. Goste ou não, será impossível ignorar a película, esquecê-la, após ter assistido.
Trata-se de uma obra que aborda o comportamento humano em situação extrema, em isolamento prolongado e sem os elementos caracterizadores da civilização que, por fim, formam aquilo que se conhece como humanidade.
A situação é agravada pelo fato de que os protagonistas são, em verdade, crianças e adolescentes abandonados à própria sorte, em um ambiente hostil. A parca noção de estado, hierarquia, controle se esvai com o passar dos dias e o conflito é iminente.
Note-se que a película é corajosa ao abordar crianças em situações extremas algo que é raro no cinema americano, viciado pelo que se convencionou classificar de "politicamente correto".
Excelente comentário. \"Goste ou não, será impossível ignorar a película, esquecê-la, após ter assistido. \"