O início da era Harry Potter foi em 2001. Naquela época, já sabiamos que cada livro teria seu respectivo filme, o que nos livra daquela ideia de longas feitos com o único objetivo de ganhar mais e mais dinheiro (sobram exemplos nesse caso). A história do bruxinho, que teve os pais assassinados e foi deixado na casa dos tios (trouxas), é contada nesse primeiro capítulo de forma bem completa e interessante, embora também tenha seus erros - o que é normal, já que adaptar um livro como esses, adorado por milhares de pessoas, nunca será das tarefas mais fáceis.
Steve Kloves, roteirista da série, faz um primeiro trabalho com bastante competência. O principal aspecto, ao meu ver, foi se apegar completamente à história original. Assim, Kloves consegue agradar tanto aos aficionados que reclamam das partes cortadas quanto os que nunca sequer ouviram falar do bruxinho mais famoso do mundo - que têm a chance de se interar sobre os principais eventos da trama. O que ajuda os iniciantes é o tamanho do longa; quase duas horas e quarenta foram mais do que suficientes para explicar muita coisa, embora passagens importantes mereciam um maior aprofundamento: "Quem é especificamente Lord Voldemort?", "E aquele dragão do Hagrid, o Norberto?". Alguns desses detalhes ganham novas perspectivas nos próximos episódios, mas é possível que os marinheiros de primeira viajem fiquem ligeiramente confusos.
Para os já calejados fans da série, vale a pena se deliciar com os diálogos - alguns deles idênticos aos do livro ("cabelos ruivos, vestes de segunda mão... você deve ser um Weasley"). No entanto, se o roteiro merece aplausos por ser fiel à obra literal, é difícil dizer o mesmo do diretor Chris Columbus. Alguns cortes excessivamente rápidos prejudicam o andamento da trama, que é mal dirigida em muitas passagens e no final pouco emociona. A batalha de xadrez vencida por Ron Weasley tinha tudo para ser a mais bonita, rica e divertida, mas sob a tutela de Columbus se tornou apenas uma cena legal. O mesmo podemos dizer do encontro entre Harry Potter e o Lorde das Trevas, que era para ser empolgante, aterrador; no entanto, é monótono, chato.
Se "Harry Potter e a Pedra Filosofal" fica devendo em alguma coisa (e fica!), a culpa passa longe de ser dos garotos. Ainda jovens, nem adolescentes, meros meninos recém-saídos da infância, eles fazem um trabalho muito interessante. Longe de ser admirável, é verdade, pois nessa época ainda tinham muito o que aprender, mas bem determinados e carismáticos. Emma Watson consegue fazer uma Hermione Granger perfeita: transmite toda sua chatice e convencimento do primeiro episódio com propriedade. Daniel Radcliffe e Rupert Grint, por sua vez, também demonstram talento, nada de mais, mas promissor. No primeiro filme ainda vemos que Alan Rickman cai como luva na personagem do enigmático Severo Snape - pra mim o melhor da série!
"Harry Potter e a Pedra Filosofal" tem ótimos momentos, contudo, nada merecedor de grandes ressalvas. O clima, que nos episódios posteriores é mais sombrio e adulto, aqui ainda é infantil, direcionado mais para os jovens do que propriamente para os mais velhos. O figurino é belíssimo, assim como em toda a série, além de uma trilha sonora que embala o longa de maneira muito gostosa. Os efeitos especiais têm ótima qualidade, justificando a quantia milionária investida. Por fim, A Pedra Filosofal é um excelente início na saga do bruxinho Harry Potter; tem seus erros, como já era de se esperar, mas no final, seu saldo é positivo: agrada aos fans mais experientes e também aos que querem se iniciar nesse maravilhoso mundo de fantasia.
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