O que diferencia os bons autores de autores de boas história está ilustrado em todos os cantos desse Batman: O Retorno. Com maior liberdade após sofrer muitos cortes na primeira parte, Burton faz o melhor filme de super-herói de todos os tempo. A começar pela construção da cidade, um ambiente totalmente sombrio, gótico, eternamente noturno. Depois, na possibilidade de explorar os personagens que ele sempre preferiu: os vilões.
Na adaptação de Burton o morcego é apenas um pára-brisa, ele só aparecendo quando é chamado. Os dois reais protagonistas são a Mulher-Gato e o Pinguim. São dois “seres-humanos” abandonamos pelo ambiente. Criaturas desprezíveis amaldiçoadas por uma sina que jamais os permitirá achar de novo um lugar no mundo. São horríveis e doentes demais para conviver na superfície.
Burton fornece a eles todo o pano-de-fundo necessário para que suas características se impulsionem conforme o filme avança. Pouco se importando com os desejos comerciais da Warner, Burton corre atrás de cenas que expressam o caos emocional dos personagens. Em um dado momento, o Pinguim percebe que não há escapatória do seu enxoval assustador (assim como é impossível para ele reconstruir o vazio que seus país deixaram): “eu sou um animal, de sangue-frio” ele enfim concluí.
Acontece aqui o que falta a muitos filmes que se apropriam de figuras pops. Burton não fez uma fanfic para os filmes do homem-morcego, fez um filme onde pode expressar a sua arte particular, onde pode expressar seu amor por criaturas bizarras e cenários góticos. E aí pouco importam os motivos morais para a existência de um herói; afinal estamos diante de uma cidade governada por monstros.
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