Gosto demais da caracterização de Cabrini, com a roupa preta e olhar compenetrado, aliás em termos de construção de personagem, ficou muito bom. No entanto, ao tentar dar conta de muita coisa da vida dela, o filme obviamente fica cansativo, ainda que a edição tente, com cortes que conseguem dar dinamicidade à historia.
Walras e Schumpeter já destacavam em suas teorias o poder central de empreendedores, e aqui temos uma biografia real que impressiona: mulher, imigrante, religiosa, pobre. Claro que o filme tem algumas lacunas, o orfanato vai crescendo de forma quase brusca, imagino que na vida real os percalços, especialmente materiais, foram maiores, mas talvez isso jogasse contra o fluxo. Nesse aspecto, Cabrini, apesar da extensão, é muito coeso, pois sabe exatamente onde quer chegar: mostrar os diversos cenários dela, e as pessoas envolvidas responsáveis por seus deslocamentos.
Também é um filme cuja fotografia, parcebe-se, é feita com muito carinho, bem bonito de ver, a pobreza e os lugares mais lúgubres são pesadoa, de forma que a direção tenta dar uma equilibrada, o resultado é satisfatório. Uma pena o roteiro ser tão maniquísta. O filme cresce bastante quando se permite deixar entrar questões politicas, mas a caracterização desses coadjuvantes são péssimas.
Em geral ficou bem satisfatório, mesmo com diálogos didáticos demais para compreender de forma bem linear sua trajetória. Um filme de fácil degustação, com pobreza e violência higienizadas. Vale a pena pela história incrível dessa mulher, e pelo fato do filme realmente se apegar a fatos mais do que a discursos, que estão bem contidos aqui.
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