Uma carreira incrivelmente extensa e de muito talento, tanto no teatro quanto no cinema.
Um dos grandes nomes do teatro americano que fez pequenos mas importantes trabalhos no cinema morreu na primeira semana de 2009, aos 84 anos. Pat Hingle não venceu nenhum prêmio, mas nunca deixou de ser elogiado pela crítica. Foi ele que apagou o charuto em Angelica Houston na sádica cena final de Os Imorais, grande filme de Stephen Frears. Foi ele o pai de Warren Beatty em Splendor in the Grass (1961, no Brasil com o escabroso título de Clamor de Sexo), uma das obras-primas, se não a obra-prima, de Elia Kazan.
Foi Kazan, também homem de teatro, que o levou ao cinema. Hingle, com seus dois metros de altura e físico imponente, sempre interpretou homens fortes e brutos, como militares e jogadores de futebol, talvez por isso nunca tenha chegado às suas mãos os prêmios mais famosos. No teatro, no entanto, fez Macbeth, de Shakespeare, o presidente Benjamin Franklin e um vendedor sádico em Dark at the Top of the Stairs, seu papel mais marcante.
Em 1992, fez o gay J. Edgar Hoover, o chefão do FBI na época do macartismo no telefilme Cidadão Cohn, obra repleta de boas atuações que as boas intenções em excesso fizeram infelizmente naufragar. Para o grande público, passou como o comissário Gordon do Batman de Tim Burton.
Nasceu Martin Patterson Hingle em 1924, em Miami. Cresceu no Texas e nunca se formou na universidade, mas a largou para servir à marinha durante a Segunda Guerra Mundial. Lutou no Pacífico. De volta à Universidade do Texas, formou-se em artes cênicas, mas a carreira ficou parada depois que ele embarcou de novo nos navios da marinha americana, agora para lutar na Guerra da Coréia.
Juntou-se ao Actors Studio, em New York, em 1952. Lá conheceu Kazan e em seus primeiros filmes está Sindicato dos Ladrões, filme vencedor do Oscar. Fez o pai arrogante e mandão em Gata em Teto de Zinco Quente na Broadway, dirigido por Kazan, montagem clássica.
Dizia preferir o teatro pois o cinema “não era o meio para atores”. Workaholic, trabalhou tanto (193 filmes listados no IMDB, e o cinema nem era seu principal ganha pão) que não se lembrava dos detalhes dos filmes, peças e personagens. Adorava ver seus antigos filmes na televisão: ficava fascinado.