Ah, as Hq's! Em um tempo sem essa papagaiada de inclusão social, selfies intermináveis, carência e a imensa necessidade de postar tudo o que acontece na vida, em um período que parece ter existido em outra era, outro planeta, as 'revistinhas' como minha mãe dizia dominava principalmente as vidas de milhares de crianças e jovens mundo a fora. O resto é história. Desde a criação dos heróis mais conhecidos e importantes como Batman e Superman nos anos 30, passando pelas épocas de prata, ouro, a fiscalização de imbecis do governo norte-americano, um período tenebroso com histórias envolvendo Batman com alienígenas e uniformes ridículos, o renascimento e um lado mais obscuro com a Hq definitiva nos anos 80 o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller os números de vendas aumentaram e os anos 90 foram um período de relativo sucesso também, culminando com reformulações e mais reformulações nos anos seguinte o eterno sobe e desce desse mundo bilionário sempre existiu fãs com personagens preferidos por cada um.
Entre as duas maiores e gigantes editoras a DC e Marvel que sempre duelaram e dividiram fãs entre brigas e discussões intermináveis, possuíam características diferentes para manter leitores interessados. Do lado da Marvel, tínhamos um gigante verde esmeralda, um escalador de prédios lançador de teias, mutantes, deuses nórdicos e inúmeros outros de enorme sucesso, porém uma equipe com um número limitado de adoradores mundo a fora. "Os Guardiões da Galáxia", Hq criada em 1969 por Arnold Drake e Gene Colan, teve suas primeiras aparições apenas coadjuvantes e esporádicas. Anos e anos sem brilho, apesar de excelentes histórias, somente nos anos 90 que a equipe voltou a ter notoriedade por Jim Valentino, agora adicionando novos personagens a história. Os Guardiões inicialmente possuíam uma formação um tanto quanto diferente da exibida nos cinemas que continha nomes como Major Vance Astro, Replica, Aleta Ogord entre outros. Yondu Udonta, também membro da formação original, aparece no filme, entretanto não como membro oficial. Talvez o maior acerto do filme de 2014 seja a escolha de quem iria compor a equipe, pois eles são assustadoramente cativantes.
Não seria exagero nenhum, angariar 'Guardiões' como o novo 'Star Wars' e remeter Chris Platt a status de um novo Han Solo pela composição de seu Peter Quill/Star Lord. Na verdade, você irá perceber um tanto da saga de George Lucas não só pelas batalhas interplanetárias mas principalmente nesse quinteto deslocado. Gamorra está para Leia, ambas princesas duronas que saem de seu posto para lutar por um bem maior. Drax, O Destruidor seria uma espécie de Chewbacca, querendo justiça sendo extremamente emotivo e tendo o pavio muito curto. Rocket Racoon e Groot seriam C3PO e R2D2. Na parte vilã da história Ronan aparece como Darth Vader e Thanos finalmente seria O Imperador. Cito isso somente como semelhanças e por mais que tenha existido qualquer inspiração nada soa como cópia descarada. Se em algum momento houve desconfiança por parte de fãs mais fervorosos em relação ao nome do relativamente desconhecido diretor James Gunn, a tranquilidade paira sobre o ar, já que o diretor se revelou uma ótima escolha para tocar o barco, quer dizer a nave!
Gunn teve muita competência em pegar uma história bastante batida e transforma-la em um ótimo roteiro ao lado de Nicole Perlman. A premissa não poderia ser mais clichê onde um certo grupo de desajustados tem de unir forças para derrotar um inimigo em comum. Para isso, eles precisam lidar, da melhor forma possível, com uma carga preciosa de poder incalculável etambém contra seus egos e defeitos. Depois de parecer que a trama não poderia ser mais trivial ela se justifica pela deslumbrante construção de todos os personagens. Ao longo do filme a personalidade de todos são exploradas ao máximo, elucidando cada cicatriz e tudo vai se encaixando, desde as piadas mais sarcásticas e hilariantes e justificando as mudanças de comportamento e motivações de cada um na trama, tudo isso aliado a argumentos sólidos e convincentes.
Tudo é feito de forma bastante cadenciada e esse antes 'grupo de desajustados' aos poucos percebem e enxergam que não poderiam estar em lugar melhor senão ao lado um dos outros.
A parte técnica do filme é deslumbrante e impecável. Tudo recria com alto primor o ambiente onde se passa a história, desde a maquiagem que nos apresenta alienígenas iguais ou até melhores que os de Star Wars, passando pela fenomenal direção de arte supervisionada por Charles Wood, a fotografia excelente de Ben Davis e a soberba edição/montagem de Fred Raskin e Hughes Winborne. Os efeitos especiais estão tão fabulosos que foram capazes de nos fazer acreditar que um guaxinim realmente poderia empunhar uma metralhadora e sair quebrando o pau por tudo e quanto é lugar e pra fechar com chave de ouro a maravilhosa trilha sonora de Tyler Bates que não quis compor a trilha optando por escolher músicas marcantes e clássicos dos anos 70 e 80.
O elenco é a cereja do bolo. Com papéis coadjuvantes a sempre elegância e compenetração de Genn Close se percebe a cada take e o sarcasmo de John C. Reilly e Michael Rooker estão bem balanceados e presentes. Benicio Del Toro transparece com enorme eficiência as excentricidades de O Colecionador. Djimon Hounsou como Korath e Lee Pace são exímios vilões. Zoe Saldana parece gostar de interpretar mulheres fortes e sua Gamorra é obstinada e justa graças a competência de sua interprete. Com papéis de pouca expressão por aí, Chris Platt tem aqui o papel de sua vida. Um ladrão galanteador, que apesar de ser malandro até o último fio de cabelo, possuí um bom coração e seu senso de liderança parece ter nascido com ele. O lutador fortão Dave Bautista aqui se mostra uma agradável surpresa e consegue dar bastante dignidade a seu Drax, mas é Rocket sem dúvidas o melhor personagem. Aliado a uma composição de voz formidável feita por Bradley Cooper, é impossível não se apaixonar pelo guaxinim alcoólatra fruto de experiencias cruéis de laboratório, ele quase sempre se esquece das limitações de seu pequeno corpo e é de tocar a cena de seu desabafo sobre as suas condições. A sequência da fuga do presidio e suas exigências na elaboração da fuga são hilarias.
Muitos dizem que "X-Men" abriu as portas dos heróis nas telonas, mas afirmo que foi "Blade" o percursor dessa espécie de subgênero que agora recebe uma enxorada de filmes, quase 2 por ano e em sua grande maioria, meros caça-niqueis e porcarias. "Guardiões da Galáxia" se mostra uma agradável surpresa e ao lado de "Homem de Ferro" é o melhor filme da Marvel lançado até hoje. O filme tem alguns deslizes é óbvio, como a forma que a equipe derrota Ronan por exemplo, para mim pelo menos soou bastante forçada, mas a fita tem méritos de sobra para passar por cima dos erros e eu não poderia de citar o excelente trabalho feito na não tão conhecida assim Tropa Nova que nas Hq's tem papel fundamental em vários arcos e histórias. Talvez não seria correto compara-lo com Guerra nas Estrelas, porém infelizmente isso é impossível. Com o anuncio do episódio VII de Star Wars, a saga de George Lucas ganha um oponente a altura...
Realmente Luiz, não tem necessidade dessa enxurrada de filmes desse tipo...
E o pior que tanto Marvel quanto DC já anunciaram inúmeros mais para os próximos anos...
E tentar deixar batido pra ver se acontece uma redução...
Esse como disse me surpreendeu bastante e ao lado de "Homem de Ferro" são os únicos que eu gostei...
Bela associação com Star Wars. Não tinha me dado conta antes. E Thiago, Blade foi sim o primeiro filme baseado em HQ's que despertou o interesse do público e incentivou os estúdios a investirem mais. De certa forma, sem Blade não teríamos X-Men - que foi quem fez esta indústria decolar de vez.
Fala Thiago! O Cristian respondeu sua pergunta caro! Somente depois do gigantesco sucesso de "Blade" que teve orçamento de produção em torno de 45 Milhões de Dólares e faturou ao redor do mundo algo em torno de 200 Milhões é que Bryan Singer resolveu apostar no lançamento de X-Men...
Esse como disse me surpreendeu bastante e ao lado de "Homem de Ferro" são os únicos que eu gostei... [2]