“Que vós falta, cães ordinários, se não vos agrada nem a paz nem a guerra? Uma lhes causa pavor, a outra lhes torna orgulhosos. Quem confiasse em vós, em vez de leões encontraria lebres. Em lugar de raposas, simples patos. O merecedor de glória, também merece o ódio. Enfocai-vos. Confiar em vós? Mudam de ideia a cada instante. Chamam de nobre quem vosso ódio merecia, e de infame vosso emblema máximo. Que aconteceu? Por que motivo em vários quarteirões da cidade gritam contra o nobre senado que, sob a égide dos deuses, vos mantém com medo, pois, do contrário, devorariam uns aos outros.” (General Caius Martius - Coriolanus, se dirigindo à população revoltosa)
Em uma Roma instável, o general do exército, Caius Martius (Ralph Fiennes), luta contra os guerrilheiros de uma nação vizinha, liderados por seu arqui-inimigo Tullus Aufidius (Gerard Butler). Após uma campanha vitoriosa, recebe o título de Coriolanus, e seu nome é indicado para o cargo de Cônsul da cidade. Mas conspirações do senado e sua ojeriza ao povo o levam ao exílio. Antes, inimigos mortais, agora Caius se alia a Aufidius para fazer sua antiga pátria arder em chamas.
Em resumo, o filme é regular. Desde o trailer, Coriolanus passou a impressão de ser mais que um filme de guerra, por conta do roteiro, e principalmente das falas dos personagens. O general Caius fala e se comporta como um Deus, mais especificamente tendo Ares como modelo. Ao se dirigir a um protesto popular contra o governo, faz o inflamado discurso reproduzido no primeiro parágrafo. De conteúdo forte, revela desde o início o ódio que o homem da guerra sente pelo povo. Para ele, é humilhante se dirigir aos fracos de corpo e de espírito, que servem apenas como massas de manobra para os políticos e seus jogos podres. Deveras, faz muito sentido seu discurso, e após essa primeira apresentação do personagem, minha expectativa aumentou para o que viria a seguir. O modo de falar dos personagens remete a uma peça de teatro, não apenas pelo linguajar, mas também pelo comportamento. Basicamente, é como se apenas os espíritos dos romanos do século V a.C. houvessem encarnado na Roma de nossos tempos. Não à toa. O filme é a adaptação de uma peça de mesmo nome, de autoria de William Shakespeare. De conteúdo rico no tangente ao funcionamento da democracia, Coriolanus possui boas cenas de ação em um primeiro momento, mas em sua maior parte recai no drama político envolvendo Caius, a população, e os conspiradores do senado. A produção possui direção e atuação impecáveis, mas a linguagem arcaica desgasta muito o espectador em uma produção de quase duas horas de diálogos enfadonhos culminando em tragédia ao estilo shakespereano. Apesar de original em sua nova roupagem, aconselho apenas aos fãs do estilo do famoso dramaturgo inglês.
Vc fez um ótimo comentário, mas não condizente com a nota 4 q atribuiu ao filme.
Afinal, gostou ou não gostou do filme? Se disse q o filme é regular e teceu outros elogios, apesar de tbm achar as falas enfadonhas, não pode dar nota 4.