Um dos maiores desafios do cinema hoje em dia é produzir filmes que possuam roteiros inteligentes e inovadores. Essa cobrança não vem dos produtores ou das grandes empresas de cinema, mas sim do público. Qualquer pessoa ao redor do mundo que goste verdadeiramente do cinema exige que este se renove sempre. É da condição natural do ser humano buscar por algo novo, que surpreenda e crie uma nova realidade, e isso não poderia deixar de ser diferente no eloquente e grandioso mundo do cinema atual. O cinema vem se desenvolvendo durante anos. A maneira de filmar, de escrever e de atuar foi aprimorada. Porém, o que se vê, pelo menos a partir da última década, é que há uma outra mudança acontecendo. Agora o cinema se desenvolve de uma outra maneira: tecnologicamente. Para quem gosta do bom e velho cinema conservador esse desenvolvimento não é encarado de uma forma amigável. Infelizmente, para os "conservadores", esse desenvolvimento se tornou uma tendência, a qual só tende a crescer e se consolidar. Pode-se dizer que essa tendência tenha começado com filmes inovadores para a sua época. Como exemplos cita-se; Titanic, a trilogia O Senhor dos Aneis, a franquia Harry Potter, Matrix, e recentes como: O Cavaleiro das Trevas, Avatar e A Origem. Este último é um expoente desse ciclo.
A Origem não é só mais um filme de ação. É mais que isso. O filme, diferentemente de outros desse segmento, se destaca por apresentar uma característica bem original, uma característica que provém do roteiro de Christopher Nolan. A grande ideia. Sim, Nolan teve a grande ideia, talvez de sua carreira, de entrar no mundo desconhecido e incerto dos sonhos. Lógico, de uma maneira bastante radical. O sonho, em A Origem, é um personagem. Ele se desdobra, criando assim um universo, ou melhor, vários universos que se ligam. Ele é usado para fins ilegais como: roubar ideias ou plantar uma ideia, fazer uma inserção(Inception). Complicadíssimo. A sua complexidade talvez tenha sido um grande desafio para a produção do filme, pois para quem assiste a complexidade é muitas vezes maior. Poderia, isso, ser um ponto negativo. Mas não foi. A complexidade, aqui, é parte integrante e planejada de A Origem. Quem assiste se sente diminuído em relação àquele universo. Em relação àquela capacidade de criação e de ação que é vista. Todos esses fatos se dão graças à vários detalhes. Detalhes que não podem ser profundamente analisado por quem não entende do assunto. O que pode ser dito é que A Origem, com certeza, possui som, imagem, efeitos, ediçao, trilha sonora e outros, perfeitos.
Além de tudo, foram criados personagens perfeitos para o que deveria ser feito. Personagens que apesar de compartilharem o costume super inusitado de brincar com os sonhos, são como qualquer pessoa normal, que sente saudades da família, que sente arrependimento, medo, e até ambição, a grande causadora dos fatos do filme. A ambição faz com que as pessoas não meçam seus atos. Chegando ao ponto, no caso, de querer plantar uma ideia na mente de um adversário, sem que este perceba. O filme joga com o mundo irreal e o mundo real de uma maneira catastrófica. Assim como os personagens, nós também nos confundimos sobre que mundo é real ou não. São 147 minutos de pura ação. Minutos que podem ser horas, anos e até décadas segundo a realidade criada, a realidade dos sonhos.
A Origem não é só um filme, é uma grande teoria. É possível acreditar realmente no que se vê, assim como é possível rir da situação. Depende dos olhos usados para assistir ao filme. Para entrar nesse mundo, os olhos precisam ser sonhadores. Se isso não acontecer, o propósito maior é perdido e o filme se torna só mais um entre vários. Meus olhos foram sonhadores para o filme. Quando acabou fiquei em dúvida e questionei a realidade. Quase nenhum filme é capaz de fazer isso. Por isso A Origem é diferente. Brinca com o desconhecido e se sai muito bem. E se esse filme faz parte de uma tendência crescente, vale muito a pena esperar pelo que está por vir. Mesmo duvidando se algum filme fará o que "A Origem" fez. O que não é impossível.
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