O retrato de uma (nova) geração
Depois de uma leve pesquisa, mas minuciosa, cheguei à conclusão do que se trata um nerd. Palavra usada muitas vezes de uma forma pejorativa, para caracterizar pessoas que abdicam de práticas esportivas ou de algum exercício, para exercerem atividades intelectuais em demasia, às vezes, inadequadamente para suas idades. Possuem certa dificuldade na integração social, e nem sempre são de fato inteligentes, mas sim, espertos ou entusiasmados por algum assunto, normalmente relacionado à tecnologia.
Baseado na obra de Ben Mezrich, A Rede Social conta a história da criação do Facebook. Mark Zuckerberg é um programador que, após o término de seu namoro, algumas bebidas, e uma noite inteira na internet, acaba começando uma historia que, anos depois, acabaria com 500 milhões de amigos, e alguns inimigos.
Logo no inicio, não é difícil traçar a personalidade de Mark Zuckerberg, já na cena primeira, ele se mostra ser um completo nerd, seja em seu físico não muito avantajado, seja em seu intelecto hábil e dilacerador e a forma sufocadora com que se expressa, seja em suas inseguranças ao que as garotas pensam dele em relação aos atletas, seja em sua forma prepotente e arrogante de se colocar acima da inteligência dos outros, ou simplesmente, na total ausência de sensibilidade em lidar com as mulheres. Passando a projeção, mais adentrado à essência do protagonista, podemos notar que todos os pré-conceitos não mudam muito, e podem-se somar mais às características desse personagem, como a habilidade de oportunista, ou a forma fria com que ele passa por cima das pessoas, inclusive de seu amigo, usando sua inteligência fascinante e sem escrúpulos. Todos os outros, o já citado amigo Eduardo Saverin, os irmãos remadores Winklevoss, Dustin Moskovitz, ou até mesmo Sean Parker, eram apenas coadjuvantes, serviram como degraus para Zuckerberg chegar aonde pretendia, sim, Sean Park também.
A trama é contada através dos tribunais, em meio a dois processos, em um ele acusado por seu próprio amigo e co-fundador do Facebook, o brasileiro Eduardo Saverin, de sabotá-lo em um dos contratos, e no outro processo, três alunos de Harvard, dois viriam a ser atletas olímpicos posteriormente, o acusam de roubar suas idéias. Ironicamente, mesmo que, em todo o filme, Zuckerberg usa uma espécie de contador para saber a cada minuto, quantos amigos ele vem somando através de sua rede social, em sua realidade, ele está sendo processado por talvez, seu único amigo.
Outro fator que chamou a atenção foi como Sean Parker entrou e saiu da trama. Chegando avassaladoramente, causando um fascínio automático em Zuckerberg, potencialmente, Parker podia ser visto como o sujeito veemente que impulsionaria e premiaria Mark com o sucesso de seu projeto e obvio que conquistaria um lugar de prestigio em toda essa historia. Indiretamente foi isso que aconteceu, mas sem pudores e inibições, sem maturidade, Parker, mesmo não aparentando, foi apenas mais um artifício para as pretensões de Mark Zuckerberg, e podemos subentender isso na cena final.
A narrativa usada por David Fincher (Clube da Luta, Seven – Os Sete Crimes Capitais) se encaixou perfeitamente com o enredo, todo os 120 minutos de projeção passaram, e ao final, restou apenas a inquietação causada não só pela dicção célere do personagem central, mas pelo brilhantismo da direção, sem maneirismos ou outros moldes que assombram essa temática, o diretor apenas conta a historia, do jeito que ela é. Mais uma vez, palmas para o cara.
Jesse Eisenberg que anteriormente havia feito um bom trabalho ao lado de Woody Harrelson em Zumbilândia, aqui interpretando o protagonista se sai melhor ainda, ele estudou seu personagem, pesquisou sobre Mark Zuckerberg, frequentou palestras do mesmo, e foi recompensado por uma indicação ao Oscar. Andrew Garfield, o futuro Peter Parker, foi o ponto forte no elenco, foi quem se saiu melhor, está irrepreensível. Completando os personagens centrais, o astro pop Justin Timberlake, como Sean Parker faz também um bom trabalho.
Enfim, A Rede Social, é muito mais que um filme atual sobre a evolução da comunicação, é um filme de futuro e do futuro, que com o tempo vai se tornar uma obra-prima. E tudo graças a David Fincher que escreve seu nome na historia, definitivamente.
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