Nina (Natalie Portman), uma bailarina de uma famosa companhia de dança é escalada pelo seu diretor (Vincent Cassel) para ser a principal atração de Cisne Branco e Cisne Negro em O Lago dos Cisnes do compositor russo Tchaikovsky. Agora resta a Nina se dedicar como nunca, mas ela tem pela frente sua mãe super protetora (Barbara Hershey) e uma provável concorrente (Mila Kunis). Aos poucos, Nina vai mergulhando em remédios e drogas, passando a ter alucinações, misturando realidade e alucinações.
Esse é o enredo de Cisne negro, um dos filmes mais aguardados do ano, e também um dos mais intrigantes e fora do comum. É importante que se perceba tratar-se do novo trabalho do prestigiado Darren Aronofsky, um diretor que foge das fórmulas hollywoodiana e consegue sempre surpreender seu público. Para entender Cisne Negro, é interessante que se entenda primeiramente o cinema de Aronofsky: Pi (1998) é a história de um homem obcecado em decodificar a famoso número irracional que representa a divisão entre uma circunferência e o diâmetro, esse número é denominado de Pi = 3,1415926. Dois anos depois, Aronofsky nos apresenta a sua obra-prima Réquiem Para um Sonho, um perturbador estudo sobre o uso de diferentes tipos de drogas envolvendo uma mulher (Ellen Burstyn), seu filho (Jared Leto) e amigos. Em A Fonte da Vida (2006), através de três histórias, três homens (interpretados por Hugh Jackman) tentam encontrar a essência da existência humana. Em 2008, em O Lutador, um ex-campeão de luta livre (Mickey Rourke), tenta retornar ao ringue para uma última luta.
O cinema de Aronofsky é muitas vezes difícil, indigesto e irreal. Em Cisne Negro, a protagonista vive sérias crises que a levam por vezes ao desespero. Não sabemos o que ali é real e o que faz parte da imaginação de Nina. Sua inteira dedicação ao papel principal do futuro espetáculo lhe provoca um anseio enorme, uma busca incessante pela perfeição, abdicando de qualquer tipo de lazer. Até mesmo a dançarina anterior que ela substitui, feita por Winona Ryder, lhe causa efeitos devastadores.
Cisne Negro tem uma atmosfera bastante claustrofóbica, misturando ainda elementos sensuais, como na cena em que a protagonista mantém uma relação com sua concorrente, numa das cenas mais comentadas do ano. Há de se lembrar também que Cisne Negro é um filme que cresce sempre, com um desfecho arrasador, quando a heroína demonstra tudo o que aprendeu, em seqüências de tirar o fôlego.
O elenco é composto de bons atores: Natalie Portman, que estreou quando era garota em 1994 em O Profissional. Cresceu e se tornou uma atriz de respeito, em filmes como Cold Mountain, Closer – Perto Demais e V de Vingança. Foi a personagem feminina principal da nova (e irregular) trilogia Star Wars. O francês Vincent Cassel fez trabalhos importantes como Rios Vermelhos, Pacto dos Lobos e Irreversível. A bela ucraniana Mila Kunis fez entre outros, o fraco Max Payne e o interessante O Livro de Eli. A veterana Barbara Hershey retorna aqui depois de alguns anos em trabalhos sem maiores expressões.
Repleto de imagens oníricas, vislumbres narrativos e uma história intrigante e dramática, Cisne Negro é um filme digno na carreira de Aronofsky. Com câmera na mão, ele registra todo o pesadelo de sua protagonista, sem que em nenhum momento seja lhe tirado o foco, em prol de subtramas desnecessárias. Portman tem aqui o papel mais importante de sua carreira, ganhando vários prêmios, entre eles o Globo de Ouro e o SAG de melhor atriz. O Oscar praticamente já é dela, e por falar nisso, Cisne Negro concorre em a mais outros 4 prêmios da Academia: Filme, diretor, montagem e fotografia.
Não é um filme pra qualquer um. Alguns podem reclamar de seu clima sufocante, outros podem achá-lo complexo demais. Mas é inegável que se trata de uma obra diferente e de grande impacto.
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