Austrália – E o Perdão a ‘Geração Roubada’
Antes de ver esse filme, numa lida em alguma sinopse, me veio a sensação de já o ter visto. Vendo-o, ficou claro que sim, e em vários outros. Não que o desmereça, muito pelo contrário, pois ele é cativante. Todos os ingredientes estão lá sim: a heróina aristocrata meio sem noção, o herói meio bronco, os vilões, o governo dando suporte aos poderosos, a Igreja querendo arraigar com a cultura do povo nativo, a fazenda no meio do nada… Agora, tem que ser muito bom para manter a atenção do público por quase três horas de projeção. A mim, deixou. Só faria uma pequena ressalva, a de que poderiam ter enxugado um pouco a primeira metade do filme.
‘Austrália’ também cativa por nos mostrar toda a beleza natural daquela terra. Ainda meio indomável pelo período retratado: o iniciar da Segunda Guerra Mundial. Por lá, as grandes fazendas de gado da aristocracia inglesa. O que adensou a população em locais estratégicos. Na proximidade de um porto, como o que é mostrado no filme.
Agora, o grande diferencial nesse filme, fica em torno da segregação racial muito forte. Mais precisamente com os mestiços. E é por um deles, o pequeno Nullah (Brandon Walters), que nos é contada toda a história. A sua história. O que foi o início do respeito ao que eles chamaram de ‘geração roubada’. Pois mesmo não sendo escravos, Estado e Igreja, os queriam longe de suas vistas. Por serem filhos bastardos de brancos com as negras australianas. Levavam-os para uma das ilhas, e por lá permaneciam para serem catequizados pelos Missionários.
australia_nullahNullah é filho de um capataz, Fletcher (David Wenham) com uma jovem empregada da fazenda Faraway Downs. Pertencente aos Ashley. Até o início da história, passa seu tempo ao lado do seu avô, o King George (David Gulpilil). Ciente que deve ficar meio invisível aos olhos dos brancos, leva uma infância feliz, aprendendo com seu avô toda a magia, cultura, do seu povo por parte de mãe. Já que para eles, não há discriminação por ele ser um mestiço. Até que, presencia um assassinato. Por ter mergulhado para se esconder, do assassino só vê o sapato. A partir dai, começa a sua saga.
Nesse ínterim, Lady Sarah Ashley (Nicole Kidman) vai até a Austrália para então concretizar de vez a venda da fazenda. Pois seu marido não retornava nunca. As dívidas com suas propriedades na Inglaterra se acumulavam. Para recebê-la no Porto, seu marido envia Drover (Hugh Jackman). Um cara que não gosta de ter patrões. Esconde uma grande tristeza num jeito rude de ser. Já Fletcher tinha dois patrões. Muito embora tinha como o seu real, e não oficial, patrão King Carney (Bryan Brown), ambicionava casar com a filha dele, e assim tornar-se o rei dali.
Aqui, a corrida será qual o gado chegará primeiro no porto, e então ser comprado pela Esquadra Britânica. Além de já adentrar em plena guerra, como citei, a mentalidade do Império Britânico começou a mudar. Ou, até pelo o que fizeram no que é retratado no filme ‘Gallipoli‘… Era hora de não envolver mais inocentes nas guerras.
Assim, pegue um bom pote de pipoca e acompanhe com brilho nos olhos toda essa saga. Temos todos, personagens e público, a aprender com o pequeno grande Nullah.
Por: Valéria Miguez (LELLA).
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