Eis mais um remake! E o pior, um remake de filme americano! Eu até compreendo o fato de produzirem remakes de filmes orientais, para que tenham uma maior visibilidade no lado Oeste do planeta, mas refazer uma produção ocidental é completamente desnecessário. Pior ainda quando o filme original é um clássico e dá origem a esse ”A Morte Pede Carona” (The Hitcher, 2007), baseado no homônimo de 1986. A única explicação para essa refilmagem: fazer dinheiro em cima da fama de um filmaço antigo (nem tão antigo assim). O resultado: não chega aos pés da vergonha que foi “O Massacre da Serra Elétrica” refilmado em 2003, mas é muito ruim.
Jim e Grace são jovens namorados que pegam as longas estradas do interior dos EUA para encontrar amigos. Mas, no caminho, cai a habitual tempestade de filmes de terror, e eles quase atropelam um homem que pedia carona. Com medo do comportamento do homem, que nem tentou se desviar do carro, eles fogem, deixando a figura sem assistência, até porque ele parecia estar bem. E é nesse momento que aparece o primeiro dos muitos clichês: o desconhecido começa a andar até o carro, o motor dá sinais de que não vai funcionar, mas, quando o homem se aproxima, funciona perfeitamente. Por desencargo de consciência, eles resolvem parar no próximo posto para pedir ajuda. Mas, “surpreendentemente”, o andarilho aparece no posto, pedindo ao casal uma carona até um motel na estrada. E, nesse intervalo de tempo, o homem mostra que vai infernizar a vida deles para sempre, começando por quebrar o celular de Jim e ameaçando os dois com um punhal. Conseguindo colocar o louco para fora do carro, Jim e Grace acham que conseguiram se livrar dele, mas esse é apenas o começo de uma perseguição implacável.
O principal erro dessa refilmagem de “A Morte Pede Carona” é a alteração grave no roteiro, a de incluir a personagem Grace. No original, apenas Jim era perseguido, o que gerava dúvidas em relação aos assassinatos cometidos pelo andarilho, John Rider (como se denomina): será que o homem realmente existe ou Jim tem uma personalidade dupla que comete os assassinatos? Mas agora, com a entrada da namorada de Jim, o mistério acaba e o filme que era excelente em seu lançamento em 1986 é desrespeitado, tornando-se um normal jogo de gato e rato. E o que mais decepciona é que o trio de roteiristas (Eric Red, Jake Wade Wall e Eric Bernt) que cometeu esse crime conta com o roteirista da idéia original, Eric Red. Inexplicável como ele permitiu esse atentado contra seu ótimo filme, que tornou esta refilmagem um filme bastante ruim. Outro fato intrigante, que também é uma falha no original, é que John Rider parece ser invencível, andando pelas ruas como se fosse uma pessoa normal e não sendo pego nunca. Além disso, há ainda duas cenas que eu gostaria de destacar, deixando você, leitor, interpretar da sua maneira: 1) Qual a probabilidade de um homem, utilizando uma arma normal, acertar a cabeça de um piloto de um helicóptero que está em movimento?; 2) Qual a probabilidade de uma pessoa normal sobreviver à explosão do carro em que está? Intrigante, não?
O elenco do longa só acerta em um ponto: Sean Bean, que interpreta o temível John Rider. Sua atuação, além de dar ao vilão uma boa dose de sentimento, faz com que seu personagem seja o mais dinâmico do filme e suas expressões faciais e corporais dão medo. Já os protagonistas foram escolhidos da mesma maneira como escolhemos nossa roupa de dormir, de qualquer jeito e sem preocupação de agradar a ninguém. Zachary Knighton ainda é aceitável, mas Sophia Bush é completamente apática, não conseguindo passar o mínimo de emoção nem tensão. Sua personagem é completamente inverossímil, pois a confusão natural que lhe é dada no roteiro transforma-se em uma bola de neve da qual ela não consegue sair.
“A Morte Pede Carona” é mais uma prova da desnecessariedade de se fazer remakes, ainda mais quando se é pior do que o original. Assistir a este filme só vale a pena por causa das boas cenas de perseguição e pelas mortes estilosas. Mas tem uma especial, sobre a qual eu não falarei para não estragar a surpresa dos que se arriscarem a tentar assistir. Mas, francamente, não assista! Você pode fazer mil coisas melhores em 80 minutos!
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