Ultimamente, os filmes indicados ao Oscar têm me agradado tão pouco que eu já nem me empolgo ao assistir a um deles. Dentre os indicados ao Oscar 2008, não foram muitos os que me agradaram, apenas “Juno” e “Desejo e Reparação”. Mas eis que eu decido assistir a mais um deles, este “Conduta de Risco” (Michael Clayton, 2007). E eis que eu me decepciono completamente, assistindo a filme de ruim para mediano, que não acrescenta em nada nem ao gênero nem ao próprio cinema.
Michael Clayton (George Clooney) é um ex-promotor público que trabalha em uma firma de advocacia. Seu papel na firma é ser designado para casos em que precisa ser um “faxineiro”, limpando a sujeira dos crimes dos associados. Descontente com o emprego, ele se envolve em dívidas de jogos acumuladas junto com seu irmão e entra em um caso complicadíssimo. Após o renomado adovgado Arthur Edens (Tom Wilkinson) ter um surto de loucura, ficando semi-nu em uma sala de depoimento e pedindo demissão, Michael é indicado para assumir o caso da defesa da empresa de agrotóxicos U/North, responsável por produzir um herbicida que pode provocar câncer de pele e causou inúmeras doenças e mortes. Arthur, em um de seus momentos sãos, ataca a empresa, dizendo que ela é realmente a responsável. É nesse contexto que entra Michael, para tentar evitar a eminente derrota da empresa no processo que já dura 6 anos.
A impressão que “Conduta de Risco” passa ao espectador é que uma coisa nova está para acontecer a cada segundo. A maneira sombria como são mostradas as cenas nos dá a impressão de que o perigo está à espreita, pronto para pegar qualquer um desprevinido. Mas não é o que acontece. O longa é feito da forma inversa, com seu clímax logo no confuso início (que é explicado no início do terceiro ato), quando o carro de Michael é explodido, o que é sucedido por uma volta a quatro dias antes, mostrando o que levou o carro do “faxineiro” a ser atacado. “Conduta de Risco” possui um roteito enrolado e confuso, o que, aliados à seriedade extrema com que é conduzido, torna-o um excelente sonífero. E o mais incrível é que o desenrolar lento demais dos fatos consegue consumir duas irritantes horas, que parecem ser dois dias, tornando o longa uma experiência extremamente cansativa.
O elenco de “Conduta de Risco”, apesar da maneira como é conduzido o enredo, foi muito bem escolhido e conseguiu render sob a batuta do diretor estreante Tony Gilroy. George Clooney tem uma atuação excelente, carregando toda a seriedade e dramaticidade de seu personagem (seriedade, como já dito antes, excessiva), merecendo sua indicação ao Oscar. O elenco coadjuante também se sai muito bem. Tom Wilkinson é excepcional com o complicado Arthur Edens, interpretando-o com um tom real impressionante, fazendo com que nós cheguemos a pensar que aquele é, realmente, o próprio Wilkinson. A atuação de Tilda Swinton como uma das donas da U/North é boa, sim. Mas, na minha opinião, sua indicação ao Oscar e, pior, sua premiação pelo papel, são completamente exagerados, sendo quase uma afronta às excelentes atrizes indicadas, seja em 2008 ou outro ano qualquer. Não vi em sua atuação um merecimento para figurar entre as melhores do ano na categoria Atriz Coadjuvante, assim como não vi em “Conduta de Risco” filme suficiente para estar entre os indicados.
“Conduta de Risco” deve ser assistido com cuidado, pois, para entender seu confuso roteiro, toda atenção é pouca. E isso faz com que nós oremos para o final deste longa que, apesar de ter uma história até bacana, foi completamente estragado por um roteirista que não sabia o que fazer com a idéia que tinha nas mãos.
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