Robert Mulligan concebe uma obra-prima que evoca a sensibilidade, a emoção e os valores morais. O retrato de uma cidade pequena que ainda sofre com os efeitos da Crise de 29 e que tem como características marcantes o conservadorismo e o racismo, fatores que culminam na sentença de um negro inocente.
Gregory Peck ganhou o Oscar de Melhor Ator por sua interpretação neste filme, vencendo Peter O'Toole que fôra indicado pela atuação no clássico "Lawrence da Arábia". No entanto, ao contrário do que pode parecer, o destaque do filme não é necessariamente Peck, mas as crianças. A história é contada pelo ângulo de Scouty, interpretada pela atriz Mary Badham e que dá um show à parte, tanto que foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por esse papel. A irreverência e a espontaneidade da personagem faz com o espectador se surpreenda e tem uma importância fundamental no decorrer da trama. Por exemplo, na cena em que os fazendeiros vão ao encontro de Atticus Finch (Gregory Peck) para reclamar sobre a defesa do negro Tom Robinson (Brock Peters), Scouty faz um dialógo que chega a comover Bob Ewell (James Anderson), que acaba desistindo do intento inicial - um dos melhores momentos de "O Sol é Para Todos".
Além de Mary Badham, temos a oportunidade de ver a estréia de um dos maiores atores que o cinema já viu, eis que falo de Robert Duvall (o eterno "consiglieri" Tom Hagen de o "Poderoso Chefão" e ganhador do Oscar de Melhor Ator por "A Força do Carinho") que interpreta perfeitamente o misterioso 'Boo' Radley. Essa personagem que, no decorrer da trama, é algo mítico e assustador para as crianças, acaba por surgir no término do filme e assume grande relevância para a conclusão do longa.
O A.F.I. (American Film Institute) elegeu Acttius Finch o maior herói de todos os tempos, talvez pela virilidade na defesa de um caso onde o racismo teve a palavra final ou pela imagem de um pai que cria os filhos sozinhos e luta incansavelmente pela ética. O longa, inspirado no romance vencedor do Prêmio Pulitzer, a maior premiação do meio jornalístico americano, merece ser visto como uma lição de moral e de vida diante da nossa sociedade, que muitas vezes deixa a injustiça sobrevalecer.
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