O FINAL DA TRAJETÓRIA DE UM DOS MELHORES É MUITO DIGNO NESSE FILME COM TODAS AS QUALIDADES QUE O MESMO POSSUI: ATUAÇÕES, DIREÇÃO, ROTEIRO.
Atuações excelentes, aonde ninguém é inocente nessa ida sem volta ao inferno que Lumet expõe muito bem.
A bela Marisa Tomei em uma boa atuação, esbanja sensualidade sem ser vulgar quando precisa, se vitimiza também, mais sabe de seu poder feminino de manipulação e podia ter deixado aquele cenário trágico que estava se envolvendo seu marido Andy bem antes, mais ela queria mais em sua luxuria e também ainda havia ambição de sair dali e chegar ao paraíso.
Michael Shannon, que sempre interpreta muito bem personagens com desvio de conduta, aqui não faz diferente mesmo com pouco tempo em cena esta muito bem em seu personagem, um cara que vê uma oportunidade de faturar naquele cenário trágico, apesar de ser menos exigido expõe muito bem que ninguém é inocente e é um mundo de aproveitadores que com muita demagogia não revelam suas intenções.
Albert Finney , também esta em atuação muito boa, mesmo no contexto de vitima naquela tragédia, ele ainda quer vingança e revela persistência e sagacidade, essas qualidades que não demonstrou na criação de seus filhos aonde acabou protegendo mais um do que o outro, não que justifique que os dois tenham chegado ao declínio da alma, mais de certa forma explica que sua figura paterna contribuiu nem que seja um pouco para isso e deixou traumas e feridas que não vão cicatrizar.
Apesar dele ainda ter a humildade de pedir desculpa já é tarde demais, não existe a tão procurada "redenção" para ele e para seus descendentes.
Ethaw Hawke interpretando "Hanky" , não esta tão bem quanto todo o elenco, mais tem uma boa atuação interpretando alguém traidor até covarde sem a mesma sagacidade do irmão mais velho, mais ainda assim também é uma figura que quer escapar ao paraíso mais não ira conseguir, seus problemas financeiros poderiam ter sido resolvidos mais hoje ele próprio se enxerga um "perdedor" que precisa ficar na sombra do irmão para chegar em algum lugar.
É o oposto do irmão, esse sim o melhor personagem do filme e também melhor interpretado que vou citar a seguir.
Seymour Hoffman um dos melhores atores de sua geração, aqui interpreta "Andy", o executivo viciado que precisa resolver seus problemas financeiros rapidamente, arrogante e com inteligência para criar o plano que teoricamente iria fazer ele sair de sua decadência financeira e moral também, porquê estava cada vez mais usando as drogas de sedativo para não encarar sua própria mediocridade.
Em certos momentos parece a vitima confrontando o pai e sua infância difícil, mais em outras se revela o algoz querendo dinheiro e uma vingança familiar também,.
Seus motivos vão alem dos financeiros em sua mente doentia existe o confronto familiar com o pai jamais resolvido.
Ao final de sua jornada insana, seu personagem perde o controle e vem a tona sua faceta sociopata, escondida no inicio com sua imagem e eloquência de executivo bem sucedido, todas esses traços de personalidade muito bem expostos na atuação precisa de Hoffman.
Mais esse elenco impecável, também vem com a direção competente de Sidney Lumet e roteiro interessante de Kelly Masterson.
A direção de Lumet é eficaz tecnicamente em cenas , revelando a perspectiva de cada um naquele trágico dia, essas cenas trazem um olhar mais contundente a personalidade daquelas figuras em derrocada moral e mental na lente de Lumet.
Conseguimos enxergar os motivos e angustias de cada um em seus respectivos infernos particulares aonde muitas vezes a culpa é terceirizada.
O roteiro de Masterson também é muito bom se dividindo em vários atos. sem ordem cronológica, expondo o fato horrível antes e depois contando, tufo que foi feito e como chegaram até ali nessa história de: luxuria, ambição, traição e tudo de pior que o ser humano pode conter em seu intimo.
Enfim Sidney Lumet encerrou sua trajetória de forma digna no cinema.
Uma história aonde todos possuem sua parcela de culpa mesmo que não admitam e não existe mais tempo de escapar e chegar ao "Paraíso".
Todos provaram o sabor amargo dessa ilusão no olhar sem hipocrisia de Lumet.
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