"Transcendence" tem um ponto de partida muito parecido com o de "Lucy", lançado no mesmo ano: até que ponto a mente humana pode se expandir? E quais as conseqüências de uma expansão ilimitada da consciência?
Só que Wally Pfister não é Luc Besson. Este sabe onde quer chegar com seu filme. Já aquele dirige muito mal o roteiro que lhe deram. A todo momento se atrapalha, sem saber se investe mais em ação, drama ou ficção científica. "Lucy", do francês Luc Besson, vai direto ao ponto em que pretende chegar: daí é que seu filme cresce à medida que o espectador o acompanha. Com "Transcendence" ocorre o contrário. Se o início é até promissor, à medida que vai passando fica mais difícil engolir sua história, na qual o Dr. Will Caster (Johnny Depp), antes de morrer, tem sua consciência transposta para um megacomputador. Daí a ele querer moldar a realidade à sua maneira é um pulo.
É ver pra crer nos absurdos e furos do roteiro. Tem uma organização terrorista que é contra a inteligência artificial, sem mais nem menos; que utiliza canhões antiquados para combater uma superestrutura que ameaça a humanidade, quando uma situação assim poderia contar com aviões e bombas, ou seja, todo o aparato governamental.
Enfim, se os diálogos pretensamente pomposos e a câmera lenta tentam dar um ar de seriedade, o resultado que se vê na tela é o oposto - cada vez mais risível. Em outras palavras, quanto mais quer parecer sério, menos se torna crível. Luc Besson foi esperto e soube ser competente, fazendo um filme curto, sem firulas - e bem melhor.
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