No ano seguinte a 1952 Stálin morreu. Trata-se de um marco, pois encerrou-se o governo de um ditador que foi responsável pela morte de algo como dez milhões de pessoas durante seu governo, de 1924-1953. Sua polícia secreta executou milhares de pessoas por discordarem do regime soviético e outros milhares foram levados a gulags – campos de trabalho forçado para prisioneiros. A fome premeditada na Ucrânia, em 1932-33, os expurgos militares no fim da década de 30 e no início da década de 50 e a execução de pessoas por expressarem opiniões diferentes fizeram com que a vida de um soviético valesse muito pouco no período.
No filme, eis que Tom Hardy é Leo Demidov, agente da polícia secreta soviética que passa a sofrer crises de consciência com seu trabalho, principalmente quando precisa dizer ao melhor amigo que a causa da morte do filho dele de 8 anos foi acidente de trem, quando na verdade as circunstâncias apontam para um assassinato. Esse homem em estado bruto se torna, por esses e outros fatos, inimigo do regime, ao mesmo tempo em que garotos são mortos por um assassino em série. Ora, para os comunistas soviéticos seu regime era incompatível com “serial-killers”, pois seriam produto do capitalismo; daí a polícia arquivava casos de assassinatos como acidentes.
O potencial do filme é, assim, enorme. Entretanto, “Crimes Ocultos” não o aproveita de todo. É superficial quanto às questões políticas e, apesar de prender a atenção, deixa a desejar como thriller. No intuito de seguir fórmulas do cinema Hollywoodiano o filme, talvez, tenha escorregado. Um exemplo é a necessidade do roteiro de Richard Price – baseado no romance de Tom Rob Smith – eleger um vilão típico, que é o agente que ocupa o lugar de Leo quando este cai em desgraça.
Assim, a atmosfera soviética cai sob o peso das fórmulas e da produção.
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