O amadorismo do inexpressivo diretor dinamarquês Ole Bornedal chega a ser risível. Uma grande aula de como não se fazer um filme de suspense e terror.
Desde o grandioso sucesso de "O Exorcismo", de 1973, muitos cineastas vêm bebendo na fonte das possessões demoníacas para conquistar, ou pelo menos tentar, o sucesso nas telonas, não obtendo êxito na maioria das vezes. E o que temos aqui em "Possessão" é apenas mais uma fracassada obra do gênero.
O filme não assusta e nem, ao menos, causa suspense na platéia. Algumas cenas são tão enfadonhas que despertaram até gargalhadas na sala. Além de contar com um roteiro recheado de clichês baratos, tecnicamente o longa também contém diversas falhas. As tomadas de câmera aéreas são desnecessárias e inexplicáveis, a maquiagem é demasiadamente péssima e as atuações beiram a canastrisse de filme B. Por falar em atuações, a única que se salva é a de Jeffrey Dean Morgan (de 'Watchmen - O Filme').
O primeiro ato chega a ter uma narrativa bem interessante, ainda que contenha diversos detalhes bobos. Por mais que na abertura diga que a história é baseada em fatos reais, o decorrer da fita demonstra que essa hipótese é pouco provável. O pai passa de carro com suas duas filhas em frente a uma casa que está vendendo utensílios caseiros, devido a um "incidente" por qual a proprietária passou. A pedido de uma das filhas, o pai estaciona e vai observar os utensílios a venda. A filha mais nova se interessa justamente por uma caixinha de madeira feia, mal sabendo que tal objeto carrega um demônio. E a partir daí, qualquer leigo sabe o que vai acontecer. Até o drama familiar abordado soa como repetitivo, sem profundidade e pouco acrescenta na trama.
O que mais irrita não é nem o fato da história ser batida e previsível, mas sim por conter momentos ingênuos e patéticos. Só para citar um exemplo, quando percebem que existe algo muito estranho com a menina, a mãe a leva para um hospital, onde a mesma passa por uma ressonância magnética. E através deste procedimento é "possível" visualizar o demônio no estômago da menina... E ele ainda faz um charme, abrindo a boca nas imagens de Raio-X fazendo alusão a um grito. A pergunta fica: como um diretor acha que uma patacoada dessa irá causar espanto em quem está assistindo?
Para quem acha que nada pode piorar, é só esperar o último ato. Além de deixar inúmeras interrogações, não oferece sequer um pinguinho de originalidade.
Resumindo, "Possessão" causa mais risos do que medo e serve como mais uma prova que esse gênero do cinema está totalmente saturado, sofrendo pela falta de criatividade ou acomodação dos produtores. Descartável em todos os sentidos.
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