Quando um filme é despretensioso, a chance de surgir um resultado positivo é bem maior. É o que acontece com este "O Fugitivo", que foi filmado com a intenção de ser apenas um Blockbuster qualquer. Para começar, a direção ficou a cargo de Andrew Davis, sem nenhum grande trabalho até então, acostumado a dirigir filmes de ação (trabalhou duas vezes com Steven Seagal nos apenas bons “Nico - Acima da Lei" e "A Força em Alerta", com Gene Hackman e Tommy Lee Jones no razoável "Entrega Mortal" e nos inexpressivos e pouco conhecidos "The Final Terror" e "Stony Island"). Já para o papel principal foi chamado ninguém menos que Harrison Ford, já consagrado por grandes obras como "Apocalypse Now", "Star Wars" e, claro, "Indiana Jones". O segundo papel ficou para Tommy Lee Jones que já, conforme citado anteriormente, já havia trabalhado com o Davis por duas vezes e que, com exceção de "JFK - A Pergunta Que Não Quer Calar", não tinha nenhum filme expressivo em sua carreira.
Por fim, o último ingrediente é um roteiro, aparentemente, clichê: Um médico (Ford), preso acusado de matar sua esposa, escapa e corre atrás para provar sua inocência. Com isso, um detetive (Jones) fará de tudo para recapturar o condenado.
Porém ao assistirmos a fita temos gratas surpresas. Uma delas é a direção de Davis, que é segura e não deixa a peteca cair em nenhum momento, algo que raramente acontece em filmes do gênero. Outra é a profundidade que Ford e Jones dão aos seus respectivos personagens, com interpretações sólidas e brilhantes, fazendo o filme ser muito mais interessante do que a aparência.
O ritmo da narrativa, também, é muito ágil e envolvente. Isso, somado aos outros pontos positivos já mencionados, fazem o espectador entrar na trama e não querer desgrudar os olhos da tela por nenhum segundo sequer.
Se tem algo negativo no longa, esse é o final. Poderia ser um pouco mais criativo e menos óbvio. Quando você consegue descobrir o ato final de um filme apenas ao ler sua sinopse é algo frustrante, que tira um pouco da maestria de uma obra. Mas isso não chega a prejudicar o resultado geral de "O Fugitivo", uma grata surpresa para o cinema do gênero. Uma pena que foi a única grande obra do diretor Davis que, posteriormente, só conseguiria mais um bom trabalho em sua carreira, mesmo que não chegasse aos pés desta obra, em "Um Crime Perfeito".
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