Estranha Família é mais um dos típicos filmes independentes dos Estados Unidos, daqueles que mostram pessoas sem um rumo certo na vida, que, por algum motivo, resolvem voltar para a sua terra natal, lugar onde sofrem uma série de transformações, se conhecem melhor e enfrentam antigos conflitos familiares. Um tema batido, mas que ainda é muito mais interessante que muitas coisas que saem por aí.
No filme, que é escrito e dirigido pelo estreante Adam Ripp, Reese Holden (Zooey Deschanel), uma atriz fracassada de vinte e poucos anos, recebe uma oferta de 100 mil dólares pela publicação das cartas de amor trocadas por seu lendário e recluso pai, Don (Ed Harris), e sua falecida e igualmente reverenciada esposa, a mãe de Reese. Na busca por essas cartas, Reese viaja de Nova York a Michigan, onde encontra seu pai, totalmente desligado de sua própria saúde e morando com dois jovens: a prática ex-estudante Shelly (Amelia Warner) e o aspirante a músico Corbit (Will Ferrell). Embora não seja nenhuma santa, Reese não aprova essa nova "família", mas aos poucos, começa a apreciar seus novos "irmãos".
Para que um filme tão pequeno como esse funcione é necessário um bom grupo de atores. E os de Estranha Família estão muito bem. A sempre interessante Zooey Deschanel (500 Dias com Ela) passa muito bem as mudanças sofridas por sua personagem, que, no início, estranha e despreza aquela nova família que se formou em sua antiga casa, mas que, com o passar do tempo, vai encontrando ali a família que não teve quando criança.
Completando o elenco tem um quase irreconhecível Ed Harris (Appaloosa - Uma Cidade Sem Lei), a não muito conhecida Amelia Warner e o destaque Will Ferrel (Mais Estranho Que a Ficção). Diferentemente da maioria dos seus filmes – nos quais quase sempre faz personagens caricatos e irritantes –, Ferrel aqui tem uma interpretação bastante contida, sendo uma espécie de “bobo apaixonante”. O ator protagoniza uma das cenas mais bonitas do filme (a apresentação musical no bar da cidade).
O maior problema do filme, porém, está no seu roteiro. Ripp dedica muito tempo à parte menos interessante do filme: a vida da personagem de Zooey Deschanel na cidade. Algo que poderia, em um texto melhor escrito, rapidamente ser feito, alonga-se por tempo demais nas mãos estreantes de Ripp. E o tempo que sobra nesse início, falta do meio para o fim, o que prejudica o desenvolvimento das relações até ali construídas.
Com uma boa trilha sonora e belos momentos, Estranha Família é um pequeno drama familiar quase que desconhecido por aqui (e fora também) que, apesar de não trazer nada de inovador, continua sendo mais interessante que muita coisa...
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