Existem coisas no cinema que são transcendentais à tela! Ultrapassam o limite de ser somente um filme e criam conexão com o mundo, seja por uma canção, por uma história, pela carisma de um personagem, pelo ódio ao vilão. Agora, imaginem todas essas coisas num filme só! Ganhar uma criança que nem sabia do que realmente se tratava cinema, lá numa já longínqua infância, na segunda série escolar, onde foi meu primeiro contato com o filme. Pois é o caso de O Rei Leão. Pois não há ser no universo que não se arrepie ao ver o sol se levantando na cena de abertura, trazendo consigo o início da canção "Ciclo Sem Fim", que se tornou uma das mais emblemáticas do cinema contemporâneo, numa das maiores animações de todos os tempos.
O Rei Leão se torna um marco gigantesco e de poder frente à animação, pois a fórmula de se fazer um filme realmente bom, está ali. Temos além das canções que nos cativam e nos fazem cantar juntos, uma história sobre cobiça e jogos e articulações de poder, muito antes de Game of Thrones despontar, personagens que nos ganham em cada primeira aparição de cada um deles, nos faz rir com a dupla cômica Timão e Pumba, ou com o conselheiro real Zazu, nos rendemos a majestade de Mufasa e toda sua imponência e soberania quando está em cena, com voz grave e polida, dublado magistralmente no original por James Earl Jones, (e aqui no Brasil ganhando a voz do saudoso Paulo Flores, que faz um trabalho tão bem quanto. Aliás a dublagem toda nacional é espetacular, impecável), sentimos ódio e desprezo por Scar e toda sua ironia e ganância, mas ao mesmo tempo, nos apegamos ao gênio de um dos maiores vilões do cinema, e lógico, choramos com Simba e sua dor, torcemos por sua reviravolta e vibramos com seu rugido ao final. Temos uma avalanche de personagens que despejam carisma, cada um deles, e tendo sua participação se fazendo valer, não estando ali somente para encher a tela e causar volume.
Assim como a canção da abertura, que já vem para cravar uma estaca e dizer que as coisas vão ser grandes por ali, ao longo, vemos uma dezena de demais músicas que entram na nossa cabeça e de imediato já grudam, pois quem nunca cantou junto "Hakuna Matata"? Quem nunca se arrepiou ao ver a trama de Scar cantada, seja na voz de Jeremy Irons, ou do também saudoso Jorgeh Ramos na dublagem brasileira, ou reviu o tema de Simba e Nala diversas vezes cantada na voz de Sir Elton John?!
Junte isso à um visual que nos enche os olhos, que nos joga direto dentro da savana africana, nos faz crer no visto e quem lá se importa se leões falam e são aconselhados por babuínos?! Há veracidade e consistência em tudo aquilo. A fluidez de movimentos nos vislumbra e traz cenas magníficas como a própria abertura ou a debandada de gnus.
Com trama Shakeasperiana, O Rei Leão virou marcou, virou lenda, virou história do cinema, não a toa. Mesmo assistindo várias vezes hoje em dia e sabendo cada fala ali, após tantos anos de seu lançamento, nada se perdeu, tudo continua grande e majestoso, onde devia estar e com o devido respeito. Temos um filme sobre família e sobre honra, para contar como a culpa pode nos jogar em buracos de aceitação e nos diminuir, mas como as motivações certas podemos nos impulsionar e mudar as coisas, levando sempre ao seu melhor, e podemos ser melhores.
Isso é um só uma parcela mínima do que é O Rei Leão, soberano sempre, pois não há o que tire o trono e descoroe a majestade. Por mais cinema desses, por mais emoções dessas! Simplesmente, rei!
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